De vez em quando - expressão que parece estranha quando a gente escreve -
eu fecho as cortinas do Teatro e me pego escrevendo sobre políticas públicas de
Cultura. E é sobre elas, sobretudo o momento político-cultural pelo qual vive
Ilhéus neste momento, que eu me debruço neste artigo para afirmar que:
1. O CMC - Conselho Municipal de Cultura mudou. A
gente consegue discutir e propor ações exequíveis. Desde sua nova composição,
modificada pela Lei nº 3.539 de 31 de março de 2011, o CMC vem tentando
articular com o Governo a melhor forma de se concretizar o FMC – Fundo
Municipal de Cultura, via repasse, também prevista na Lei nº 3.454, de 14 de
novembro de 2009, de recursos que tornem realidade o fomento da arte e da
cultura no município;
2. Tenta-se afastar de vez, o fantasma do “pires na
mão” e da “política do bilhete.” A Fundação Cultural de Ilhéus, embasada na Lei
do FMC e no Decreto nº 090, de 04 de agosto de 2010, lança um Edital específico
– como uma espécie de ensaio e laboratório – para a prática do projeto – para
apresentações artísticas nas comemorações do Centenário do escritor Jorge
Amado. Assim, qualquer artista pode concorrer em condições igualitárias aos
recursos que estão disponíveis no FMC, exclusivos para este evento;
4.O Sistema Municipal de Cultura - SMC está sob
avaliação da Procuradoria do Município. Esta é a primeira instância para
ajustes e adequações ao FMC, CMC e PMC. Depois, vai para o Gabinete do Prefeito
e deste é enviado à Câmara também. Com este aprovado e sancionado pelo
Prefeito, está formado o guarda-chuva e o CPF da Cultura no município de
Ilhéus.
Mas, quais são os benefícios de
tudo isso? Eu poderia aqui citar vários, mas, o principal deles é a construção
de uma política de Cultura concreta, com diretrizes, princípios e metas que
precisam ser cumpridas e respeitadas. E, em segundo lugar, possibilitará à
Cultura sair da condição de “mendiga”, para a condição de “patroa”. Com o SMC
implantado e todos os seus instrumentos funcionando, o município receberá
recursos diretamente dos Governos Estadual e Federal para a Cultura.
Entretanto, chamo a atenção de que, se artistas, produtores culturais e
sociedade civil não estiverem conectadas com toda esta transformação, os
principais beneficiados serão os primeiros a isolar o sistema. Questões como
Ética, Transparência e Profissionalismo precisarão caminhar de mãos dadas. Só
assim, o sucesso desta suada conquista, que começou em agosto de 1987, será
apenas mais uma Carta de Intenções, emoldurada na parede de algum gestor
público.
E aí, meu caro, não tenha dúvidas que você vai voltar a andar com o pires na mão ou com um bilhete embaixo
do braço para tentar realizar, parcialmente, o que você mais deseja.
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