terça-feira, 28 de agosto de 2012

HÁ 23 ANOS, OS ESTUDANTES DO IME E DO CEAMEV SE UNIRAM PARA LUTAR CONTRA O AUMENTO DE PASSAGEM

Imagem dos professores da época em outro movimento

Hoje é uma dia histórico para a classe estudantil ilheense. Só quem viveu pode recordar o que ocorreu no dia 28 de agosto de 1989. Na verdade, o dia de hoje foi o estopim que culminou numa série de prisões e repressão da polícia militar sobre o movimento que se sucedeu naquele dia.

Tudo começou por causa do aumento inesperado da passagem de ônibus. Os grêmios estudantis, do IME, comandado por Gustavo e do CEAMEV, sob a direção de Zé Mário, se reuniram logo após a última aula da manhã e resolveram protestar contra o aumento. Centenas de estudantes invadiram a pista da Avenida Canavieiras na hora do rush e impediram que carros e ônibus trafegam-se por aquela artéria. Foi, até então, um movimento pacífico, até a chegada da polícia militar que reprimiu com violência os estudantes. A turma correu para as calçadas e como num corredor polonês, continuaram protestando com palavras de ordem contra o aumento abusivo da passagem.

Não satisfeitos, voltaram a invadir a pista. Os líderes convocaram todos a descer na direção da praça Cairú. Criou-se uma verdadeira maratona na direção da principal artéria da cidade. Todos, numa só voz cantavam o Hino Nacional. Quando chegaram na praça Cairú, alguns afoitos resolveram apedrejar os ônibus da empresa Santa Cruz (na época). A polícia apenas observava. Até que alguém, no meio da multidão, teve a ideia de partir para a garagem da empresa que ficava na Avenida Itabuna para destruir tudo. A turma então correu pela ladeira em direção ao Viaduto Catalão. A polícia cercou os estudantes, fechando a entrada e a saída da rua, antes mesmo de todos chegarem ao Viaduto e partiu pra cima, batendo em todo mundo.

Sem saída, os estudantes foram se jogando no morro que dava acesso ao Carneiro da Rocha. Dezenas de estudantes cairam nos quintais abaixo. Muitos foram presos. Gustavo conseguiu escapar. Zé Mário não teve tanta sorte. Foi pego pela polícia.

Este foi apenas um fato, de muitos que se sucederam nos dois primeiros anos de fundação do Grêmio Semeando, do IME, antes criado por Ivan, Adriano, Marcone e tantos outros. Eu conto tudo isso num livro (inédito) chamado "Dias de Greve" e este fato também foi narrado no livro "Contra Correnteza" do pai de Gustavo.

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