Discutir o lugar das Baianas de
Acarajé na Copa ou em qualquer outro evento é uma questão relacionada à
identidade do povo brasileiro. O discurso de inclusão social desloca os saberes
das tradições orais para um lugar de subalternos e excluídos, como se eles
precisassem de atos salvadores e assistenciais pra inclui-los num
mundo organizado por uma lógica neoliberal.
.
Somos aprendizes das
tradições, e esse sentimento ressignifica a nossa identidade e visão de
mundo. Portanto, proponho uma inversão: a questão é saber como a FIFA
vai incluir os empresários no contexto tradicional dos jogos da Fonte
Nova, regido por amendoim, capoeira, acarajé, pipoca, picolé, samba, futebol,
ginga e muita malícia. Devemos considerar que estes sim são os atores
principais para os quais devem ser direcionadas as maiores fatias dos bolinhos
da economia criativa da cultura. O ofício das Baianas de Acarajé já
tinha o título de Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN, e
o Conselho Estadual de Cultura da Bahia aprovou por unanimidade, em
setembro de 2012, a sua inscrição no Livro Especial de Saberes e Modos de
Fazer do Estado. Minha saudação aos nossos antepassados dos tabuleiros! E o meu
acarajé é com pimenta!
Fonte: SECULT
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