sexta-feira, 11 de junho de 2010

A LINGUAGEM TEATRAL

Grupo Patuá- Dance, do País de Gales - Grã-Bretanha

Toda produção inicia suas atividades com testes, depois vêm os ensaios que duram por volta de quatro semanas, embora a moda atual permita qualquer prazo até seis meses; existem ainda os exercícios de palavras, de velocidade, de “enxugamento”. Este último é mais facilmente explicado em relação a produções operísticas onde os cantores entoam cada nota precisamente, mas não fazem esforço algum de “cantarem para fora”, executando o equivalente musical a resmungar. O mesmo para os atores; ao invés de interpretarem para fora, toda atenção é dedicada à depuração das palavras e movimentos, e não para o esforço da atuação. Nos bastidores nós acabamos nos deparando com pano de boca, pernas ou reguladores, bambolinas, coxias, antecena, ciclorama, urdimento, alçapões, cortina de aço, trainéis ou tapadeiras, ribalta, camarim.
Alguns atores ainda vivem com o medo de “dar branco” ou com acesso de riso; muitos ainda se embaralham no material cenográfico ou nos objetos de cena; outros confiam em muletas e há aqueles que esquecem as deixas quando inventam muitos cacos. Explico: quando se usa um objeto de cena, como um copo de bebida, para se obter confiança ou “entrar no personagem”, chamamos isso de Muleta.
A temporada é sempre um período de tempo durante o qual uma peça é apresentada num teatro; a reverência, o agradecimento, a hora da montagem e desmontagem e “atrasar a deixa” são sempre expressões que permeiam o linguajar teatral. O primeiro sinal no teatro significa que em dez minutos o espetáculo irá começar; o segundo sinal representa cinco minutos e o terceiro sinal é o início da peça.
“Ele atravessou a peça em branco”, diz-se do ator que atuou como um morto-vivo. Ou ainda: “Ele não é capaz de dirigir um carro”. Diz-se do diretor que está abaixo de certos padrões. Teatro, drama, crítica, comédia, cena, coro, diálogo, déspota, método, personagem, crise, caos, catástrofe – as palavras mais importantes do vocabulário teatral moderno vêm da Grécia Antiga. Os Teatros, construídos em encostas de colinas, consistiam em um “auditorium”, onde sentava a plateia, scena, que formava o cenário e uma orquestra, onde ficavam os atores. Os músicos tinham de sentar-se em degraus ao lado do palco. Os atores vestiam quitões (túnicas compridas), máscaras, coturnos (borzeguins de solas altíssimas, que chegavam até o meio da perna e eram atados pela frente) e onkos (chapéus altos). Assim, enfeitados como completos idiotas, interpretavam comédias e tragédias clássicas.
Faça o que fizer, não caia na asneira de ferir as famosas superstições teatrais, a não ser que você queira ser conduzido para fora do recinto, ser girado três vezes em sentido anti-horário, cuspir, prestar juramento e, finalmente, implorar readmissão antes de ser perdoado. Mesmo que você seja perdoado, dificilmente o convidarão a voltar. Por isso, NUNCA exprima votos, sinceros ou não, de boa sorte a um ator. Em vez disso, deseje-lhe jovialmente “Boa merda!”. NÃO pergunte como ator decora todas aquelas falas, nem fique estupefato por representarem sob toda aquela maquiagem, ou, pior ainda, comentar sobre ela.