quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

PONTO DE VISTA



DEVEMOS TEMER A DESCONTINUIDADE DAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE CULTURA?

Pawlo Cidade*

Em que se sustenta a política nacional de Cultura? O Estado produz Cultura? Qual o papel do Estado na Cultura? Quando, de fato teremos um Sistema Nacional de Cultura consolidado? Estes questionamentos preocupam os ativistas culturais. Preocupam porque a qualquer momento podemos retroceder no tempo e voltar à velha e rasteira política de balcão.
Um dos principais entraves das políticas públicas de cultura está na descontinuidade administrativa com as mudanças de governo. Está também na resistência política à institucionalização da participação social, apesar de assegurada na Constituição Federal. Ou você acha que o governo gosta de  convocar conferências para saber o que a população deseja?
O que acontece quando o próprio governo resolve competir entre si? Como juntar as ilhas que se formam? Como garantir que todos, fora e dentro do governo, falem a mesma língua e comunguem dos mesmos objetivos?
Para tudo! Não estamos construindo políticas de Estado? Por que temer uma descontinuidade governamental? Por que temer as divisões internas? O Estado garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais e o acesso às fontes da cultura nacional, apoiando e incentivando a valorização e a difusão das manifestações culturais. Está escrito no artigo 215 da Constituição Federal. Temos direitos! Direito autoral, direito à livre criação, à livre fruição ou acesso, à livre difusão, à livre participação nas decisões de política cultural!
O Estado então perde a sua função e esquece do seu papel quando cria corpos artísticos estáveis, como orquestras e companhias de teatro? Quando resolve construir centros culturais e bibliotecas? Quando institui políticas de proteção do patrimônio cultural? Não! É uma ação de produção que, indiretamente, fomenta! O Estado, afirma o ex-ministro Juca Ferreira, tem a função de “democratizar o acesso aos bens e serviços culturais, fomentar a produção, a difusão, a preservação e livre circulação, além de regular as economias da cultura para evitar monopólios, exclusões e ações predatórias, isso é papel incontornável do Estado”.
Sem recursos, sem o fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura o Sistema Nacional da Cultura estará fadado ao fracasso. Entretanto, o SMC -  Sistema Municipal de Cultura não! Ele não depende do Sistema Nacional para se estruturar. Se solidificarmos uma política estratégica de cultura nos municípios, com participação efetiva do executivo através de suas receitas próprias, mesmo que pequena, de forma transparente, desconcentrada e democrática dos recursos através dos editais e a participação efetiva do Conselho Municipal de Política Cultural os sistemas municipais serão, inevitavelmente, a fórmula do sucesso. O SMC é um programa estruturante, com ações estruturadoras que garantem acordos coletivos e legitimidade na gestão da Cultura.


* Autor de "O Manual do Conselheiro de Política Cultural". 
Atualmente é Secretário Municipal da Cultura, em Ilhéus.

Edital seleciona instituições para encontro de Pontos de Cultura rurais


Estão abertas até o dia 28 de fevereiro as inscrições do edital de seleção de participantes da 1ª Teia Latino-americana de Pontos de Cultura e de Memória Rurais. O encontro será realizado em abril, na comunidade rural de Santo Antônio, município de Bom Jardim, no estado do Rio de Janeiro (Brasil). Acesse o edital e inscreva-se.

Serão selecionados representantes de cinco organizações culturais comunitárias que tenham experiência em articulação em rede e atuem em territórios rurais dos seguintes países: México, Argentina, Uruguai, Equador, Chile, Bolívia e Colômbia.

A 1ª Teia Latino-americana dos Pontos de Cultura e Memória Rurais foi um dos 17 projetos selecionados no Edital IberCultura Viva de Apoio a Redes e Projetos de Trabalho Colaborativo 2018. O evento será realizado conjuntamente com o 3º Encontro Nacional de Pontos de Cultura e Memória Rurais.

O objetivo do evento é abrir um diálogo mais profundo sobre os territórios rurais presentes na América Latina, com suas proximidades e distinções, permitindo, assim, a elaboração de políticas públicas de cultura para áreas rurais que considerem as especificidades da região.

O edital prevê a escolha de uma pessoa por organização. Os representantes destas cinco organizações selecionadas receberão passagem, hospedagem, traslado e alimentação. A seleção será feita por integrantes da Rede Nacional de Pontos de Cultura e Memória Rurais e levará em consideração a inserção da organização cultural em territórios rurais. A divulgação do resultado está prevista para 4 de março.

Responsável pelo evento e coordenadora do Pontão de Cultura Rural, de Bom Jardim (RJ), Marjorie Botelho comenta a importância do encontro. “Nosso intuito é abrir diálogos capazes de aprofundar o conhecimento da realidade sobre os territórios rurais da América Latina, considerando pontos de semelhanças e divergências com foco na elaboração de políticas públicas de culturais”, destaca.

Segundo Marjorie, a ação também pretende apoiar movimentos que consigam articulação dentro de um universo de trabalho conjunto entre múltiplas organizações, “formando uma teia de fortalecimento das produções comunitárias para a construção da cidadania, garantindo a valorização do campo e construindo a identidade já existente do programa Cultura Viva em outros países”. Para a coordenadora, o que une e dá sentido a essas iniciativas é o vínculo que as organizações têm com seus territórios.
Sobre a Rede

A Rede Nacional de Pontos de Cultura e Memória Rurais é uma articulação de organizações culturais que foram reconhecidas como pontos de cultura e/ou pontos de memória. Atualmente, conta com 30 integrantes.

Para dúvidas e mais informações, envie e-mail para 
redepontosdeculturarurais@gmail.com 

Assessoria de Comunicação
Secretaria Especial da Cultura
Ministério da Cidadania