sábado, 8 de novembro de 2025

FRAGMENTOS DE MEMÓRIA emociona público ao reconstruir rostos de pessoas escravizadas com o uso de IA

 

Foto: Lucas Rosário/SecultBA


exposição Fragmentos de Memória, iniciativa da Fundação Pedro Calmon (FPC), vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA), por meio do Arquivo Público do Estado da Bahia (APEB), foi inaugurada nesta quinta-feira (6) no segundo piso do Shopping da Bahia. A mostra integra a programação do Novembro Negro do Governo do Estado da Bahia.  

Com 40 retratos gerados por Inteligência Artificial a partir de documentos históricos — como cartas de alforria, registros de compra e venda e títulos de residência de africanos libertos —, a exposição propõe uma reparação simbólica: dar rosto e voz às pessoas escravizadas e libertas na Bahia Colonial e Imperial. A proposta faz parte do programa Resgate Ancestral, que une história, arte e tecnologia para ressignificar a memória do povo negro.

Durante a abertura, autoridades, pesquisadores, artistas e visitantes se emocionaram ao ver os rostos reconstituídos a partir de registros burocráticos. Cada imagem carrega uma história de resistência, reconstruída após um processo minucioso de pesquisa arquivística, digitalização e modelagem visual desenvolvida pelo APEB.

O secretário de cultura da Bahia, Bruno Monteiro, esteve presente na abertura da exposição e destacou a relevância de sua realização.

“Isso é um resgate importantíssimo que nos faz conhecer mais da nossa história e da nossa formação. Especialmente em Salvador, na Bahia, o estado mais negro do Brasil, o lugar mais negro fora da África”.

Igualmente, o diretor-geral da Fundação Pedro Calmon, Sandro Magalhães, destacou a força simbólica do projeto.

“Fragmentos da Memória é uma entrega que reflete a importância dos nossos pesquisadores, da preservação da história para que direitos sejam garantidos. É um exemplo de como a tecnologia, quando bem utilizada, pode produzir resultados de extrema relevância social, cultural e educacional”, afirmou.

A exposição também inova ao apresentar o projeto As Vozes do Fragmento, no qual personalidades negras brasileiras interpretam monólogos poéticos inspirados nos registros históricos, transformando os documentos em relatos humanos e emocionais.

Assinada pelo diretor do Arquivo Público do Estado da Bahia, Jorge X, e coordenada por Adalton Silva, a iniciativa convida o público a refletir sobre o passado escravista e a importância de honrar as memórias fragmentadas por quase quatro séculos de escravidão.

“Essa reconstrução é interessante porque permite a gente criar uma conexão e uma sintaxe visual de visualizar como é que poderiam ser esses personagens negros que fazem parte da nossa história e são os nossos ancestrais”, declara Daniel Soto que visitou o Fragmentos da Memória nesta manhã de quinta (06).

Fragmentos da Memória também é resultado de parcerias estratégicas com o ateliê Memória & Arte, coordenado pela Dra. Vanilda Salignac de Sousa Mazzoni, a colaboração de Geovane Gomes Co, conhecido como "Bombyeck", da linhagem Djagra do povo Pepél, que habita a zona norte até o centro da capital Bissau, responsável pelo Departamento Cultural do Fórum dos Estudantes Guineenses em São Francisco do Conde.  

A exposição conta com as parcerias do Shopping da Bahia, Instituto Íris e da Empresa Gráfica da Bahia (EGBA), e segue aberta ao público até o dia 30 de novembro, com entrada gratuita, no segundo piso do Shopping da Bahia, próximo ao acesso ao metrô.

Fonte: Sécult/BA

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

FESTIVAL NOSSO FUTURO: senegalesa Senny Camara e Márcia Short se apresentam no Pelourinho





O Festival Nosso Futuro Brasil–França: Diálogos com a África, que integra a Temporada França–Brasil 2025, promove, nesta quinta-feira (6), shows da harpista e cantora senegalesa Senny Camara e da artista baiana Márcia Short. As apresentações ocorrem no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, em Salvador, a partir das 19h, em uma noite que celebra as conexões musicais entre África e Bahia.

Senny Camara, radicada na França e que chega a Salvador por meio do patrocínio do Institut Français Paris e da Embaixada da França no Brasil, é reconhecida por integrar a tradição musical senegalesa a sonoridades contemporâneas. Seu repertório mistura harpa africana, canto e percussão em uma experiência sensorial que dialoga com o universo afro-brasileiro. 

A ponte ganha força com a presença de Márcia Short, uma das vozes mais marcantes da Bahia, que construiu sua trajetória na música afro. Com passagem pela Banda Mel, Márcia ajudou a consolidar o axé e reafirmar a força da cultura baiana na música.

+ Sobre o Festival: O Festival Nosso Futuro Brasil-França: Diálogos com África faz parte da Temporada França–Brasil 2025, iniciativa que realiza a circulação de projetos culturais entre os dois países e a África, fortalecendo diálogos artísticos, históricos e educativos. Durante o festival, Salvador recebe exposições, filmes e shows que destacam a diversidade e a riqueza das culturas africanas e afro-brasileiras.

No centro do festival, está o Fórum Nosso Futuro Brasil-França: Diálogos com África – Nossos Lugares em Partilha, que oferece um espaço de reflexão e ação, onde 300 jovens e figuras importantes da África, Europa e Brasil se encontram para discutir a cidade inclusiva e sustentável do futuro: justiça territorial, inclusão social, igualdade de gênero, culturas afrodescendentes. 

O festival foi organizado pelo Institut français e pela Embaixada da França no Brasil no âmbito da Temporada França-Brasil 2025, em parceria com o Governo Federal Brasileiro (Ministério da Cultura), Universidade Federal da Bahia, Governo da Bahia, Prefeitura de Salvador, Accor, Aliança Francesa, Salvador Bahia Airport, CUFA Brasil e CUFA França, a Fundação de Inovação pela Democracia, o Conselho Geral de Seine Saint-Denis, a Cidade e a Metrópole de Montpellier, a Cidade de Paris, a Cidade de Saint-Ouen.

Exposições - A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) integra a programação do festival, realizado entre os dias 5 e 8 de novembro. Os museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), vinculado à pasta, participam ativamente do evento, abrigando quatro mostras de relevância internacional:

O Avesso do Tempo, Roméo Mivekannin – Museu de Arte Moderna (MAM)


Fatumbi – o mensageiro, Pierre Verger e Emo de Medeiros – Museu de Arte da Bahia (MAB)


Coleção_FRAC no MAC_Bahia e Ecos através do Atlântico, Olufèmi Hinson Yovo – Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_Bahia)

As mostras refletem os diálogos históricos e contemporâneos entre os três territórios e reafirmam o protagonismo da Bahia na circulação internacional da arte e da cultura afro-diaspórica.

Exibição de 24 filmes - Além dos museus, a Sala de Cinema Walter da Silveira e o Cinema Saladearte da UFBA recebem o festival com programação gratuita que reúne 24 filmes e duas mesas de debate com especialistas convidados, de 6 a 9 de novembro.

O ciclo é baseado no catálogo da Cinémathèque Afrique, um dos maiores acervos de cinema africano do mundo, e acontece pela primeira vez fora do continente. Reunindo produções de 12 países africanos e da diáspora, o festival propõe reflexões sobre ancestralidade, urbanidade e reconstrução de narrativas sob o tema “Memórias e Histórias para o Futuro”.