sábado, 6 de abril de 2013

O PAPEL DO SUBTEXTO


Não acredito que o trabalho do ator seja mostrar o que ele (ou ela) é capaz de fazer, mas levar o público a um outro tempo e espaço; a um lugar que o público não encontra na vida diária. O ator é como o motorista de um carro que transporta o público para algum lugar além, algum lugar extraordinário. Esse é o meu interesse em servir ao público.”
Yoshi Oida


 Cena do filme: "As Aventuras de Pi"

O Teatro é para mim uma profissão. Um troço sério. Chego a afirmar no meu primeiro livro que ele é como um sacerdócio, uma vocação, uma religião. Sou um diretor – também – de atores e atrizes. Gosto de construir, re-construir e destruir para que haja renascimento. Só que minha “destruição” é pacífica. Ela não é dita explicitamente no texto dramático, mas “se salienta da maneira pela qual o texto é interpretado pelo ator.” E, quando faço isso estou trabalhando o subtexto que é, exatamente, isso que acabei de afirmar. “O subtexto é uma espécie de comentário efetuado pela encenação e pelo jogo do ator, dando ao espectador a iluminação necessária à boa recepção do espetáculo,” assinala Patrice Pavis.

Observem que esta ideia de subtexto surgiu com Stanislavski. Ele, o subtexto, é um instrumento psicológico que informa sobre o estado interior da personagem, cavando uma distância significante entre o que é dito no texto e o que é mostrado pela cena. O subtexto é o traço psicológico ou psicanalítico que o ator imprime a sua personagem durante a atuação.

Vocês precisam entender o seguinte: Todo e qualquer texto é encenado a partir de uma compressão que é exercida sobre ele. O texto, por exemplo: “Não quero” ou “Não posso” pode até ter um significado oculto para o público, mas ele tem um significado concreto para o ator ou para a atriz. Não quero “o quê?” Não posso, “por quê?” A pergunta está implícita. O subtexto nos remete ao discurso da encenação: “o subtexto começa e controla toda a produção cênica, impõe-se mais ou menos claramente ao público e deixa entrever toda uma perspectiva inexpressa do discurso, uma pressão por trás das palavras.”

O subtexto nos remete à naturalidade. Talvez até a criação de uma partitura cênica, embora os puristas do texto o considerem um fim em si. Entretanto, apesar de possuírem conceitos divergentes, subtexto e partitura cênica nos remete a uma subpartitura do ator. Calma, não estou substituindo a palavra “subtexto” por “subpartitura”, limitada demais ao teatro psicológico e literário. Não sou um diretor cinestésico e emocional, articulado com base nos pontos de referência e de apoio do ator. O fato é que, a subpartitura pode se manifestar através do espírito e do corpo do espectador. Ou seria do ator?

Pawlo Cidade
Diretor Artístico Comunidade Tia Marita

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Divulgado resultado da 1ª Chamada do Calendário das Artes 2013


A Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), unidade da Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), anuncia o resultado da 1ª Chamada do Calendário das Artes 2013, mecanismo de incentivo a projetos artísticos e culturais de pequeno porte na Bahia, que objetiva estimular o desenvolvimento das Artes no estado. Com inscrições abertas de 25 de janeiro a 11 de março, esta 1ª Chamada se volta a apoiar projetos com data inicial de realização entre os dias 1º de junho e 31 de agosto deste ano. Foram 863 propostas inscritas, oriundas de todos os 27 Territórios de Identidade baianos, das quais 49 foram selecionadas, nas áreas de Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dança, Literatura, Música, Teatro e Artes Integradas. A lista de selecionados, bem como informações detalhadas acerca do Calendário das Artes, está disponível AQUI.
Com aporte financeiro total de R$ 637 mil (16% maior que o oferecido nas edições de 2012), o Calendário das Artes concede prêmios de até R$ 13 mil. Feito de forma calendarizada, com a finalidade de organizar as solicitações e a distribuição de recursos ao longo do ano, o edital se fundamenta na acessibilidade e ampliação do investimento na produção artística de toda a Bahia, considerando sua grande diversidade e dimensões territoriais.
Os selecionados são oriundos de 38 cidades da Bahia, abrangendo 25 dos 27 Territórios de Identidade existentes no estado. Serão onze projetos de Música, dez de Artes Integradas, seis de Audiovisual, seis de Teatro, cinco de Artes Visuais, cinco de Circo, quatro de Literatura e dois de Dança iniciando suas ações nos próximos meses. Foram priorizadas propostas oriundas e/ou realizadas em benefício de populações com menor acesso a produtos culturais e que privilegiam a diversidade cultural, contemplando as mais diversas ideias de artistas, grupos e produtores, amadores ou profissionais.
Lançado em 2012, o Calendário das Artes foi concebido através de um processo de diálogo com a sociedade civil e requalifica o Calendário de Apoio a Projetos Culturais, que foi realizado entre 2008 e 2011. Em seu último ano, 2011, o Calendário de Apoio distribuiu R$ 563 mil para 64 projetos selecionados dentre 650 inscritos. Já o Calendário das Artes, somando as suas duas Chamadas de 2012, disponibilizou R$ 1,092 milhão para a execução de 86 projetos, selecionados dentre um total de 1.776 inscritos, e oriundos de 50 municípios, contemplando 26 dos 27 Territórios de Identidade do estado.
Neste ano de 2013, o Calendário das Artes apresentou uma nova ampliação, mais uma vez fruto da avaliação da sociedade, que vem sendo escutada ao final de cada Chamada realizada do edital. Mantendo as premissas que buscam abarcar propostas de todas as regiões do estado em quantidade igualitária, com avaliação dos projetos feita de forma territorializada e com os inscritos de cada Macroterritório da Bahia concorrendo apenas entre si, o edital agora divide o Macroterritório 2 em duas categorias: 1) propostas oriundas de Salvador; e 2) propostas oriundas dos demais municípios do Macroterritório 2. Assim, atende à maior demanda oriunda da capital e garante maior competitividade das propostas dos outros municípios desta região. As comissões de seleção continuam sendo específicas para cada Macroterritório e formadas, além de membros do Estado, por representantes locais e de diferentes origens dentro do estado, escolhidos através de consulta pública e a entidades artísticas e culturais das diferentes regiões.