sexta-feira, 8 de abril de 2016

EXPOSIÇÃO “ÍNDIOS NA JANELA” CHEGA AO PALACETE DAS ARTES DIA 19


Depois do sucesso de público em Ilhéus e Porto Seguro, a exposição chega a Salvador com acervo composto por peças artesanais de diversas etnias brasileiras e quadros de faces indígenas, no data em que é celebrado o Dia do Índio.

Cerca de 200 peças artesanais e 20 pinturas ocuparão o 1º pavimento do Palacete das Artes entre os dias 19 e 24 de abril. São arcos, colares, lanças e bordunas das tribos Pataxós, Xukuru Kariri, Maxakali e Krenak, entre outras, que apresentam a cultura indígena como algo vivo e dinâmico, propiciando ao público uma identificação positiva através das faces dos povos da floresta. O acervo estará disponível para visitação na data em são celebrados os valores, a importância da preservação e o respeito a esses povos. Na abertura, que acontece às 17h, haverá vernissage para os convidados conhecerem a proposta . A entrada é gratuita.

A exposição já foi vista por cerca de 3500 pessoas em Ilhéus e Porto Seguro, por onde já passou em curtas temporadas em fevereiro e março. É voltada para o público em geral, em especial, para estudantes do ensino fundamental, ensino médio, pesquisadores, historiadores e professores. O projeto prevê também uma apresentação indígena dos Pataxó, no dia 20/04, às 16horas, na área externa do Palacete das Artes e uma palestra gratuita e aberta ao público, ministrada pelo colecionador Silvan Barbosa Moreira, com o tema “Minha Vida na Tribo”, dia 22/04, às 15 horas no mesmo local da exposição.

Beatriz - Óleo sobre tela de Gildásio Rodriguez

As peças possuem valor inestimável e foram juntadas ao longo dos 25 anos em que o colecionador Silvan Barbosa Moreira, ex-funcionário da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), teve contato e se dedicou ao trabalho com as mais variadas tribos indígenas brasileiras. “Tenho peças com mais de 30 anos e outras muito raras. A mais antiga é da Ilha do Bananal, no Mato Grosso, já a mais nova é um cocar e um colar Kaiapó que veio do Pará. Entre peças artesanais, livros, CDs e DVDs, tenho quase mil objetos, adquiridos ou que me foram dados de presente por amigos indígenas. Esta exposição serve para contribuir e ampliar o conhecimento do público sobre a vida e a cultura indígenas”, explica o colecionador.

Já os quadros de faces indígenas são de Gildásio Rodriguez, conhecido como “O Gil dos índios”, que já foi protagonista de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil, Estados Unidos e Portugal. “Ao ler a saga dos irmãos Villas Boas no Alto Xingu, senti a necessidade de divulgar, através da pintura, a cultura de um povo que sofreu e sofre injustiças dentro de um país democrático. Comecei em 1998 e, desde então, criei mais de 30 quadros”, conta o pintor.

A exposição oferece ao público imagens e informações de natureza histórica e cultural, propiciando uma identificação positiva com as coletividades indígenas e oportunizando ao público um olhar mais humano sobre essa questão. Para o curador da exposição, Pawlo Cidade, "essa mostra aponta para um caminho no esforço de pensar os indígenas sob o ponto de partida da cultura, de uma janela que se abriu no passado, que continua aberta no presente e mantém-se escancarada pela dimensão contemporânea, permitindo um diálogo com muitas outras tradições culturais”.



O projeto é uma realização da Comunidade Tia Marita e conta com apoio do Fundo de Cultura da Bahia, mecanismo de fomento à cultura gerido pelas secretarias de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz), através do edital Agitação Cultural: Dinamização de Espaços Culturais.  Acompanhe todas as informações na fanpage:

Sobre o colecionador Silvan Barbosa Moreira - Começou sua carreira como na Fundação Nacional do Índio (FUNAI ), em 1987. Em Eunápolis, acompanhou a demarcação das terras indígenas de Coroa Vermelha. Dois anos, depois acompanhou a instalação da Aldeia da Jaqueira, em Porto Seguro. Em 1990 ficou refém por três dias na Aldeia Nova Vida, em Camamu e, nesse período, conseguiu a pacificação entre os próprios índios Pataxó. Em 1994, quando foi trabalhar em Brasília e reencontrou o índio Galdino que já o conhecia há sete anos e dele ganhou de presente uma borduna. Estes presentes acabaram se tornando o pontapé inicial para uma coleção de utensílios e instrumentos indígenas de mais de duas centenas de peças.

Outras empreitadas enriqueceram a experiência de Silvan, bem como o seu acervo: trabalhou com o Cacique Juruna e o Cacique Raoni; participou da retirada do gado da Ilha do Bananal no Mato Grosso com os índios Carajá; e, em Minas Gerais, chegou às terras dos povos Xacriabá, Pataxó, Maxakali e Krenak; foi convidado para fazer parte da força tarefa em Rondônia, na retirada dos garimpeiros de diamantes das terras dos índios Cinta Larga, onde conheceu o índio Pio Cinta Larga. Aposentou-se em 2013, depois de quase 30 anos desenvolvendo uma série de projetos em terras de diversas etnias, mediando conflitos e colecionando os inúmeros objetos que podem ser vistos na exposição.

Sobre o pintor Gildásio Rodriguez - Ex-aluno do professor Edson Calmon, começou a pintar a figura indígena em 1998, estudando a história dos irmãos Villas Boas: Orlando, Cláudio e Leonardo, vanguardistas da Expedição Roncador-Xingu. Foi protagonista de diversas exposições individuais e coletivas, entre elas a II e III Bienal de Artes de Itabuna; 7º Salão de Artes do Estado da Bahia. Expôs na extinta Casa dos Artistas, Teatro Municipal de Ilhéus, Academia de Letras de Ilhéus, Espaço Cultural Bataclan, Aleluia Ilhéus Festival e Espaço Cultural Tororomba.
Participou de exposições fora do país como a Brasil Coffee House, em Nova York; A Talentos do Brasil, no Palácio da Independência, em Lisboa, e da exposição Trajectos, em Alenquer, também em Portugal. Possui quadros na Embaixada do Brasil, nos Estados Unidos da América.

Sobre o curador Pawlo Cidade - É pedagogo, especialista em Educação Ambiental, dramaturgo, agente cultural, produtor e diretor de teatro com 27 anos de experiência. Além de membro do Conselho Estadual de Cultura e da Academia de Letras de Ilhéus, também é escritor com 14 livros publicados. Já fez a curadoria do Festival Nacional de Dança de Itacaré; do Centenário do escritor Jorge Amado; do Seminário Teatro e Teatralidade, do Seminário Dramaturgia e Contemporaneidade e do Simpósio Economia Criativa e Legislação Cultural.

Serviço

O quê: Exposição “Índios na Janela”
Onde: Palacete das Artes, Rua  da Graça, 289,Graça, Salvador
Quando: abertura dia 19 de abril, às 17h. Visitação de 20 a 22/04, das 13h às 19h; e no sábado e domingo das 14h às 19h.
Palestra: “Minha vida na tribo”, com o colecionador Silvan Barbosa, dia 22/04, às 15h.
Entrada gratuita para a exposição e para a palestra
Informações à imprensa: Pawlo Cidade - (73) 9 9998.2555 | 9 8831.2555 | 9 9154.7019


terça-feira, 5 de abril de 2016

SHOW REÚNE ARTISTAS DA REGIÃO EM PROL DA "JUSTA CAUSA", NESTE DOMINGO (10) EM ILHÉUS

O “Justa Causa”, movimento solidário criado pelos alunos de pós-graduação em Gestão Cultural da UESC, promove show com diversos artistas para arrecadar recursos para o figurinista Justino Vianna, que está impossibilitado de trabalhar por questões de saúde e ainda sem o auxílio doença. A festa acontece domingo, dia 10, a partir das 13h, na Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal - APCEF, localizada na rodovia Ilhéus-Olivença, Km 0. O ingresso custa R$ 10.
Artista conceituado, Justino formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade Panamericana de Arte em São Paulo. Representou Ilhéus em diversos festivais com a Quadrilha Explosão da Esperança, além de ter dirigido vários espetáculos teatrais e assinado o figurino de muitos deles, inclusive do espetáculo “Medida por Medida”, do Teatro Popular de Ilhéus. Também atuou na área da educação em escolas municipais e assessorou entidades como Bumba-meu-boi de Urucutuca, Terno das Pastoras de Sambaituba, Terno das Flores do Pontal, entre outras.
“Há meses fiz uma cirurgia cardíaca de alta complexidade. Transplante de aorta e implante de válvula. Passei 90 dias no hospital Santa Isabel em Salvador, dos quais 18 dias em coma. Tive complicações na cirurgia seguido de AVC e depois infecção hospitalar. Estou com lado esquerdo paralisado e atrofiando por falta de fisioterapia neurológica", contou o artista. O recurso que será angariado com a realização do show será utilizado para pagar as sessões de fisioterapia neurológica e os quase R$ 2 mil reais de remédios necessários por mês. "Estou com processo na justiça para aposentadoria. Preciso de uma alimentação especial acompanhada por nutricionista. Ganhei na justiça o direito ao auxílio doença, mas depois de recorrer as duas instâncias, o beneficio só chegará em 90 dias. Até lá, conto com o apoio dos amigos".
Os artistas convidados que não cobraram cachê para a "Justa Causa" são: Abdias, Alana Lima, Alex Mel de Forró Costa, Alexandre Mazoni (Teclado),Amanda Andrade, Andréa Dias, Anne de Cidra, Bebeto, Beltran Lima, Brena Gonçalves, Camilo Dória, Chica de Cidra, Délio Santiago, Deraldo Nogueira (Bateria), Djalma Assis, Edith, Everaldo Passarinho (Irmão), Herval Lemos, Itassucy, Jenison Morais (Guitarra), Keketa, Leonardo Léo, Lito Vieira, Lôla Carvalho, Mania de Pagode, Marcelo Assis, Márcia Alencar, Matheus Góes (Teclado), Nado Costa, NozinhoPH do Acordeom, Robertinho Rocha, Robson Carvalho, Romiro, Ronara Criola (Itacaré), Sérgio Lessa, Sérgio Nogueira (Contrabaixo), Simone Lessa, Tito Moreno. A sonorização é de Gil Lucas.
Os ingressos já podem ser adquiridos na Revistaria do Comércio (Rua Dom Pedro II, Centro); na Casa Mello (Rua Marquês de Paranaguá, nº 15, Centro); na Radical Surf (Av. Lótus, em frente ao supermercado Cestão da Economia, Nelson Costa); e na Arrisca Cia de Dança (Rua 04, nº 159, Jardim Pontal). Para maiores informações, acesse: https://www.facebook.com/justicimacausa



domingo, 3 de abril de 2016

INSTALADO GRUPO DE TRABALHO PARA DEBATER REDUÇÃO DO ORÇAMENTO NA CULTURA


                                                                       Foto: Ascom CEC / Mariana Campos

O Conselho Estadual de Cultura organizou um Grupo de Trabalho (GT) que pensará estratégias de intermediação entre as demandas da sociedade civil e os órgãos ligados à gestão cultural. A iniciativa é focada no atual cenário de crise financeira e seus impactos no orçamento da pasta da Cultura na Bahia. Em Sessão Plenária realizada na última quinta-feira, 31, na sede do órgão, no Campo Grande, seis integrantes do Conselho decidiram participar dessa iniciativa, que fará intermediação com o governador Rui Costa e o secretário de Cultura Jorge Portugal.

Fazem parte do GT os gestores do Conselho Estadual de Cultura, Márcio Ângelo Ribeiro e Emílio Tapioca, presidente e vice-presidente, respectivamente, além da conselheira Ana Vaneska e dos conselheiros Aurélio Schommer, Jorge Baptista Carrano e Sandro Magalhães. Durante toda a Sessão Plenária, a pauta de discussão esteve centrada nos impactos da atual crise financeira e política nas políticas culturais do estado.

“A pasta da Cultura convive, historicamente, com orçamento muito abaixo do necessário. É natural, então, que nos momentos de crise o impacto no nosso setor seja ainda mais brutal. Com esse GT, tentaremos manter o Conselho como interlocutor e aliado da política cultural. É na gestão da Cultura que mantemos dinâmicas sociais fortalecedoras do nosso povo”, comentou o presidente Márcio Ângelo Ribeiro. 

TURNO – Pela manhã, o evento contou com a presença do assessor de planejamento e gestão da SecultBA, Daniel Uchôa. Foram apresentados números que mostram como a pasta da Cultura tem sido afetada com a atual crise financeira. No caso do Conselho Estadual de Cultura, houve redução de 77% no orçamento, indo de R$ 300 mil para os atuais R$ 70 mil, com outros R$ 20 mil contingenciados. O montante é considerado insuficiente para a execução das ações necessárias ao longo do ano.

Uchôa apresentou linhas de ação que serão priorizadas pela SecultBA. Dentre elas, o programa de apoio ao desenvolvimento cultural nos territórios, que inclui o Calendário das Artes, com previsão de investimento estimado em R$ 770 mil, e a realização de 20 cursos de formação artística e técnica na cadeia produtivas das artes, com custo de cerca de R$ 500 mil e previsão de atender 10 territórios de identidade.

Outras prioridades estão atreladas ao Teatro Castro Alves, onde é prevista inserção de R$ 1 milhão com ações ligadas à Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA), o Balé Teatro Castro Alves (BTCA) e o projeto Domingo no TCA. Uma terceira linha de atuação está no Programa de Atendimento aos Planos Setoriais das Artes, que prevê R$ 1 milhão em iniciativas voltas aos setores de Teatro, Dança, Circo, Literatura, Artes Visuais, Música e Audiovisual.

“A Secretaria de Cultura, incluindo suas vinculadas, não recebeu nenhum recurso de investimento para começar o ano. Começamos a traçar um planejamento para 2016 pensando em buscar, junto ao governador e ao secretário, uma suplementação orçamentária. Será um ano difícil para conseguirmos recursos e executarmos o mínimo de cultura no Estado”, explicou.

IMPACTOS – A atual situação financeira implica na dificuldade de fortalecer a política territorial, em especial a meta prioritária do Conselho Estadual de Cultura, que é atuar no fortalecimento e na implantação dos Sistemas Municipais de Cultura. Esse processo envolve ainda a ativação e criação de Conselho Municipais de Cultura.

O vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura, Emílio Tapioca, aproveitou para sugerir que a gestão da Cultura trabalhe de modo conjunto com outras pastas de governo. “Esse GT tentará aproximar as demandas trazidas ao Conselho com órgãos gestores da cultura. Além disso, é preciso pensar como outras secretarias, órgãos e instituições que atuam, direta ou indiretamente no campo da cultura, podem operar de forma transversal no fomento à Cultura”, afirmou.

Diante do cenário econômico nada favorável, conselheiros e conselheiras de cultura reforçaram a necessidade de diálogo com o governador Rui Costa e o secretário de Cultura Jorge Portugal. Alguns criticaram o fato de as ações prioritárias estarem centradas na capital baiana, e reforçaram que a política cultural nas cidades do interior é sempre mais impactada quando tem início o processo de estiagem financeira nos cofres públicos. 

“A cultura da Bahia não é só carnaval. A cultura popular tem repentista, cantador, cordelista, embolador e muita gente ansiando para fazer cultura no estado. Infelizmente os valores apresentados não chegarão ao interior porque a cultura está centralizada na capital baiana. Eu ganho através do meu verso, da minha arte. Ser poeta é tirar de onde não tem e botar onde não cabe”, desabafou o conselheiro Carlos Silva.

O conselheiro de cultura Sandro Magalhães, que é também gestor na Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura (Sudecult), reforça que o Conselho precisa mostrar coragem diante da crise financeira. “Precisamos construir uma luta para o recurso ideal destinado à cultura, uma luta pelo orçamento, e seguir garantindo os avanços na legislação das políticas públicas de cultura da Bahia”, sugeriu.

No caso das ações territoriais, foi apresentado ao Conselho que as prioridades da Sudecult são a estrutura e apoio na atuação dos representantes territoriais, a manutenção dos centros de cultura e a execução do Programa Cultura Viva na Bahia, dentre outras.


INÍCIO – Essa foi a primeira Sessão Plenária do Conselho Estadual de Cultura em 2016. Estiveram presentes os seguintes conselheiros e conselheiras (em ordem alfabética): Ana Vaneska, Aurélio Schommer, Ary da Mata e Souza, Carlos Silva, Cristiane Taquari, Edvaldo Gomes Vivas, Edvaldo Mendes Araújo, Emílio Tapioca, Fábio Mendes, Fernanda Tourinho, Fernando Teixeira, Hamilton Oliveira, Ive Alencar, João Carlos de Oliveira, Jorge Baptista Carrano, Luiz Aldo Araújo, Luciano Rocha, Lula Dantas, Márcio Ângelo Ribeiro, Maria Ivanilde Nobre, Marina Silva, Nilo Silva Trindade, Raimundo Nonato, Sandro Magalhães, Sílvio Portugal, Tito da Silva, Vagner Lavôr, Virgínia Coronago e Wilson Mário Santana (Sumário Viola).