quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

SECRETARIA DE CULTURA DISCUTE CIRCUITO DE CINEMA SALA DE ARTE

Jorge Portugal e Marcelo Sá. Foto: Tacila Mendes

Aprofundar o diálogo para contribuir com a revitalização do Circuito de Cinema Sala de Arte. Este foi o objetivo de uma reunião realizada nesta quinta-feira, dia 26, na Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA). Participaram do encontro o gestor do Circuito de Cinema Sala de Arte, Marcelo Sá, o secretário estadual de Cultura, Jorge Portugal, o superintendente de Promoção Cultural da SecultBA, Alexandre Simões e a assessora da Superintendência de Promoção Cultural da SecultBA, Neuza Rafner. Entre as possibilidades levantadas, estão a elaboração – por parte do Circuito Sala de Arte – de um projeto de manutenção de equipamentos culturais a ser apresentado ao programa de Fomento Fazcultura e o diálogo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, responsável pelo Museu Geológico da Bahia, onde funciona o Cinema do Museu. “Tivemos um encontro de apresentação e de identificação de possibilidades. Nada nasce pronto. A partir de agora, iremos estudar cada caminho apontado”, afirmou Marcelo Sá. 

Fonte: Ascom/Secult.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

GRUPO DE TRABALHO DEBATE REGULAMENTAÇÃO DA LEI CULTURA VIVA


O Grupo de Trabalho (GT) Cultura Viva se reúne nos dias 25 e 26 de fevereiro, em Brasília, para mais uma etapa na regulamentação da Lei Cultura Viva. Sancionada em julho do ano passado, a nova legislação instituiu a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), que tem o objetivo de estimular e fortalecer no Brasil uma rede de criação e gestão cultural com base nos Pontos de Cultura. Atualmente, há cerca de 4,6 mil pontos no país, localizados em mais de mil municípios de todas as unidades da Federação. 

O principal objetivo da reunião será discutir a mais recente versão da Instrução Normativa (IN) que regulamentará a PNCV. Construída pelo GT Cultura Viva, em parceria com a sociedade civil, inclusive por meio de consulta pública, a IN – ao ser publicada – marcará a entrada em vigor da nova política, garantindo perenidade, fluxo de recursos regulares e frequentes, responsabilidades institucionais definidas e controle social ao programa que revolucionou a maneira de se fazer política cultural de base comunitária no Brasil.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

EDITORIAL: "CARNAVAL DE ILHÉUS TERÁ NOVO MODELO DE NEGÓCIO"

O "dila", apelido carinhoso de um dos mais tradicionais blocos afros de Ilhéus: Dilazenze.

CARNAVAL DE ILHÉUS TERÁ NOVO MODELO DE NEGÓCIO

Pawlo Cidade[i]


"Planejamento começa na pós-produção. Acredito que quando a gente finaliza uma etapa, desejamos compreender o que deu certo e o que deu errado, e a partir daí começamos a planejar para a edição seguinte."


Se a manchete deste artigo não fosse uma plágio, seria um factoide. Diz-se de plágio o ato de copiar ideias, plagiar a ideia de outro, copiar no anonimato ou em público como o faço agora reproduzindo o título e substituindo apenas o nome da cidade. Já que o verdadeiro título diz: “Carnaval de Salvador terá novo modelo de negócio”, publicado no jornal A Tarde, em 22/02/15, no caderno Economia e Negócios, e escrito pela jornalista Joyce de Sousa. Mas a nobre jornalista há de me perdoar e não me mandar para o cumprimento de quatro anos de cadeia, pena que determina a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, a Lei de Direitos Autorais, pelo plágio.

No entanto, a questão aqui não é o plágio. Nem tampouco o factoide – termo divulgado com sensacionalismo pela imprensa que pode ser verdadeiro ou não. Uma espécie de propaganda política mal intencionada para esconder um outro problema. Destaco aqui um outro assunto que estava implícito no editorial do Jornal Bahia Online, escrito pelo jornalista Maurício Maron: “Carnaval de Ilhéus - Uma boa ideia ou uma má intenção?”

O presente artigo não é uma crítica pela crítica. O tema que abordarei já foi protagonista várias vezes, em outros artigos, nos meus blogs e nas palestras que sou convidado a dar sobre Gestão e Projetos Culturais. Venho batendo na mesma tecla sempre e não me canso de falar, de repetir. Afinal, se não for pelo bom senso, vai por osmose. Eis que ao ler a matéria de Maurício e de outros blogueiros, que depois usaram seu editorial com referência, e no domingo, lendo o texto de Joyce de Sousa, encontro depoimentos do presidente da Empresa de Turismo de Salvador, Isaac Edington e do economista Edísio Freire que tocam no calcanhar de Aquiles de toda administração pública: Planejamento. Antes, vou abrir uma pausa para outra questão.

Ilhéus, desde que me conheço como escritor, produtor e gestor cultural tenho enfrentado dificuldades com as idiossincrasias das pessoas que rodeiam o poder público e a iniciativa privada. Apesar dos vários significados da palavra idiossincrasia – nada a ver com idiota – eu prefiro adotar aquela em que a conduta de determinados indivíduos são bastante engraçados. Isto porque temos uma cultura imediatista. Não sei se esse problema é só de Ilhéus e se percorre os Municípios brasileiros, o caso é que Ilhéus ou faz as coisas de forma rápida e atropelada, porque assim é que deve ser, ou espera os eventos chegarem bem perto pra se tomar uma atitude.

Todavia, entre a cultura imediatista (que foi tema até de um artigo meu publicado no livro “Pensando a Gestão Cultural”, editado pelo Ministério da Cultura, em 2014) e a falta de planejamento, eu prefiro optar pelo Planejamento. Quando eu comento com amigos, parceiros e colaboradores que vou trabalhar no projeto “X” em 2017, ouço a expressão: “Tão longe!” e eu retruco na paciência de Jó: “Está não. 2017 é logo ali.” E vou apontando os objetivos, as metas e a estratégia que vou utilizar para chegar aonde quero chegar.

Portanto, quando Isaac Edington diz que o produto carnaval para ser melhor vendido ele precisa ser planejado com antecedência, está certíssimo. “Novos circuitos e espaços, valorização de manifestações autênticas, além da associação das grandes atrações a marcas exclusivas, estão entre os novos caminhos apontados.” Outra questão, inúmeras vezes trazidas à tona nas assembleias do Conselho Municipal de Cultura e nas Conferências Municipais e apontadas nas 43 metas do Plano Municipal de Cultura é a valorização da produção cultural local e “de real potencial.” Músicos, grupos de dança e teatro, de capoeira, cordelistas, artistas plásticos, índios, blocos afros e de todos os “artistas comprometidos com a qualidade cultural local.” - A frase, atribuída ao economista Edísio Freire, que também aparece na reportagem de Joyce, parece ter captado o modus operandi da gestão atual do Conselho Municipal de Cultura.

E abro aqui mais um parêntese para dar destaque ao movimento afrocultural de Ilhéus, sobretudo os blocos afros. Vale salientar que Ilhéus, depois de Salvador, tem o segundo maior centro afro da Bahia. É preciso se estruturar, se organizar, sair do paternalismo municipal e partir para a profissionalização. Os blocos afros são um potencial real. Organizados e estruturados poderiam atrair investimentos e ser a maior atração do carnaval ilheense. Acontece que o Dilazenze, o Mini Congo ou os Danados do Reggae, sozinhos, não conseguem alcançar este objetivo. Daí a necessidade de uma política pública de fortalecimento do Conselho das Entidades Afroculturais de Ilhéus – o CEACI e de um Plano de Trabalho que tenha o carnaval cultural como resultado de um processo e não um produto final. O Turismo Cultural é uma alternativa? É! Mas não podemos fazer cultura para turista ver. O que o visitante precisa ver é o resultado de um trabalho que começou em março, por exemplo, e terminou em fevereiro. Que este modus operandi não sirva de exemplo somente para o movimento afro.    

Planejamento começa na pós-produção. Acredito que quando a gente finaliza uma etapa, desejamos compreender o que deu certo e o que deu errado, e a partir daí começamos a planejar para a edição seguinte. O carnaval, o São João, o Festival de Artes e Negócios da Semana Santa ou festas de largo, simpósios, conferências são bons exemplos disso. Admiro a crítica construtiva que aponta as falhas, indica caminhos e propõe a discussão. Sou avesso aos comentários chulos, desprovidos de fundamentação e carregados de conteúdo unilateral. O planejamento parte, também, das experiências pessoais e todos devem ser ouvidos.


Estamos aqui para somar. Assim como eu, queremos ver Ilhéus reinventada, afastando a crise, apontando novas formas de captação de recursos e eliminando todas as possibilidades de insucesso. Embora, a única certeza que temos no planejamento é a de que “alguma coisa vai dar errado.” Nós planejamos não para certificar “que alguma coisa vai dar errada,” mas para evitar que a “alguma coisa errada aconteça.” Desta forma, muito provavelmente, veremos um carnaval mais participativo, uma festival de negócios com melhores resultados, um São João com a presença de manifestações tradicionais, um secretariado com recursos disponíveis para investir e um prefeito satisfeito, planejando Ilhéus para os seus quinhentos anos.

[i] Pawlo Cidade, escritor, produtor cultural, gestor cultural e membro da Academia de Letras de Ilhéus e do Conselho Estadual de Cultura da Bahia. Autor do livro “Como Transformar a Cultura em um Bom Negócio,” pela editora A5.