sexta-feira, 31 de julho de 2015

FESTIVAL DE ARTE E GASTRONOMIA DE TAIPU COMEÇA COM DEBATE DE ESCRITORES

Davi Boaventura, Mário de Lima (curador do festival) e Rodrigo Rosp

Davi Boaventura, autor do livro "Talvez Não Tenha Criança no Céu" e Rodrigo Rosp, autor de "Fingidores - Comédia em nove cenas" abriram o debate literário no I Festival de Arte e Gastronomia em Itaipu de Fora (BA), realizado na pousada que leva o mesmo nome. Ambos falaram sobre sua trajetória e os principais entraves da distribuição do livro no Brasil (Rosp também é dono de uma editora a Não Editora).

"Precisamos acabar com a ideia de que livro é uma coisa chata", disse Davi Boaventura - mestre em Escrita Criativa pela PUC-RS; "A grande questão da distribuição do livro está na comunicação e não na distribuição", alertou Rodrigo Rosp, pós-graduado em Estudos Linguísticos de Textos, pela federal do Rio Grande do Sul. 

Tanto Davi Boaventura e Rodrigo Rosp concordam que apesar do aumento significativo de publicações de livros no Brasil (algo em torno de 50 mil títulos/ano), os leitores não cresceram na mesma proporção. É preciso criar estratégias e programas que estimulem cada vez mais a leitura.

O Festival de Arte e Gastronomia de Itaipu prossegue até domingo, dia 02/08/2015. Ainda dá tempo de ver.

terça-feira, 28 de julho de 2015

SOMBRAS E VIRGENS DE VOLTA À TENDA DO TEATRO POPULAR DE ILHÉUS


A Cia Teatral Palco, através da produção da Saron Produções Artística, dá continuidade a temporada do projeto Palco Grapiúna, retornando as cidades de Ilhéus, dias 31/07 e 01/08 na Tenda Popular de Ilhéus, em Itajuípe, nos dias 08 e 09/08 no Casarão da Praça, e em Buerarema, nos dias 15 e 16/08 no Teatro Jonas e Pilar. O projeto é composto por duas peças curtas, Sombras da ouvidor e Virgens a Deriva e a interpretação do poema Atriz Lembrante, todos textos do dramaturgo Ruy Jobim Neto.

O projeto surgiu com a finalidade de oferecer aos atores uma oportunidade de realizarem uma temporada de um mês, tendo sequência de trabalho, algo difícil na nossa região, além de ser uma boa opção para o público que busca algo diferente além dos mesmos shows que tem nessa época. O nome Grapiúna vem como forma de buscar no público a identificação e valorização dos artistas locais.

SOBRE OS ESPETÁCULOS:

VIRGENS A DERIVA

Numa terça-feira, à tarde, em 1567, uma caravela vai para o fundo das águas em pleno Atlântico, diante da costa brasileira. Assim, marinheiro, canhões e mantimentos, tudo vai para o fundo do mar, exceção feita a três jovens (jovens?) portuguesinhas, completamente virgens, que se salvam graças a um pequeno bote. Agora elas têm um continente inteiro à frente para sair dessa condição.

SOMBRAS DA OUVIDOR

Uma tarde nublada, um menino, jornais do dia. Uma mulher, uma solidão, Sombras. Rio de janeiro 1906 rua do Ouvidor fim de tarde um dia comum de vendas para uma garoto simples até a aparição de uma jovem mulher. O que ela quer? De onde vem? Pra onde vai? O que ela realmente é?

Fonte: Cia Teatral Palco


domingo, 26 de julho de 2015

LANÇAMENTO: O GRITO DO MAR NA NOITE E SEU AGUDO PAINEL DAS RELAÇÕES HUMANAS.


O escritor, produtor e coordenador da Flica Emmanuel Mirdad retorna à ficção, mais precisamente aos contos, depois de um breve passeio pela poesia no ano passado, e lança seu novo livro, O grito do mar na noite, pela editora Via Litterarum, a mesma que realizou a sua estreia em 2010 com Abrupta sede, também de contos.

Dedicado ao mestre do conto Hélio Pólvora, falecido em março passado, O grito do mar na noite apresenta “um agudo painel das relações humanas, sobretudo afetivas, nas quais homens e mulheres expõem suas fraquezas ante a banalidade da vida e do tempo”, segundo o escritor Márcio Matos, que assina a orelha, “no equilíbrio entre o que se mostra e o que fica subentendido”.

Para o escritor Mayrant Gallo, que assina o posfácio, Emmanuel Mirdad realiza, em seus 10 contos, “um feito altamente elogiável: trabalhar com tipos, sem meramente repeti-los, revitalizando-os, inclusive. Acompanhamos, com igual interesse, tanto o infortúnio do homem de terceira idade, do menino doente, do sujeito infeliz em seus relacionamentos amorosos, da mulher assexuada, quanto o dos mulherengos contemporâneos”.

O grito do mar na noite, com as suas 172 páginas, “é uma nova proposta extraída de um propósito único: retratar o nosso mundo. Cada conto é uma fotografia de um álbum espúrio”, segundo Mayrant, e que “os signos da contemporaneidade sobejam em todo o volume, numa evidência explícita à vida que levamos, em meio a uma multiplicação infindável de ícones da propaganda, internet, dos aparelhos de celulares, tablets, games, canais de tevê por assinatura etc.”.

Já para Márcio Matos, “ciente disso, Emmanuel Mirdad (foto abaixo) realiza com o livro de contos um rigoroso exercício”, e, relembrando o mestre Cortázar, cuja especificidade do conto é o poder de vencer por nocaute, “Mirdad move-se pelo ringue na certeira intenção de deixar o leitor tonto e, quando este baixa a guarda, aplica-lhe o golpe fatal”.


O conto que abre O grito do mar na noite é Chá de boldo, sobre o abandono de pessoas pela própria família, que, para Márcio, “somos ‘golpeados’ por duas grandes qualidades de Mirdad: a maturidade para tratar de temas espinhosos e a mínima concessão com a linearidade narrativa”. Sol de abril apresenta a bela e triste história de Lourdes, a sanfoneira caolha, em paralelo à canção Assum Preto, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e Assexuada traz o dilema de Monique, a mulher que nunca gozou e não se importa, mas quer vivenciar o amor – sem sexo, é possível?

Em O banquete, “racismo, imigração ilegal, preconceito social e racial, além de heroísmo efêmero, tão a gosto do jornalismo televisivo, funcionam como uma espécie de painel difuso do nosso mundo cotidiano, tão caótico”, revela Mayrant, que se divertiu com as desventuras amorosas do “autodestrutível Casanova às avessas” Pedro Henrique, no conto Receba, em que o protagonista, “muito embora consciente de seus quase êxitos, e especialmente de seus fracassos, mantém a linha, segue em frente e volta a se aventurar, como o boxeador tonto de Chaplin”.

Márcio Matos destaca o conto Quase onze dias, que classifica como “tour de force”, em que o autor “cita ícones do momento e brinca com a antítese passado-presente, demonstrando que os grandes feitos inserem-se na trivialidade do dia a dia (mesmo a hedionda trivialidade dos crimes passionais)”. Já para Mayrant Gallo, o conto Bonecas, que traz a derrocada ou a libertação de um macho alfa aos desejos homossexuais, “tem na sua essência o propósito de ironia, motor mais constante da alta literatura e palco de autores como o contista Orígenes Lessa (mal lido e mal compreendido) e Nelson Rodrigues, especialmente o mais cáustico, de A vida como ela é”.

O título da obra é um anagrama para os livros O grito da perdiz (1983), Mar de Azov (1986) e Noites Vivas (1972), de Hélio Pólvora, uma das principais referências literárias de Mirdad, que é fã do estilo primoroso do escritor baiano, morto aos 86 anos em março passado, e selecionou dez trechos da obra do mestre para abrir os contos de O grito do mar na noite, que traz, na capa, a bela fotografia de uma embarcação à noite de Theu Cerqueira (www.theucerqueira.tumblr.com).

Baiano de Salvador, de outubro de 1980, formado em Jornalismo pela Facom – UFBA, sócio-diretor da produtora Cali, Emmanuel Mirdad é um dos criadores, donos da marca e coordenadores da Flica, evento em que foi curador de 2012 a 2014. Autor dos livros Nostalgia da lama (Cousa/2014), de poesia, e Abrupta sede (Via Litterarum/2010), de contos, é roteirista, compositor e produtor cultural com mais de 15 anos de carreira. Site: www.mirdad.com.br




ENCONTRO COM ESCRITORES NA TENDA DO TEATRO POPULAR DE ILHÉUS