sexta-feira, 8 de novembro de 2013

OBRIGADO, DESCULPE, COM LICENÇA, POR FAVOR

 “As pessoas vivem na defesa e ao mesmo tempo no ataque. Criticam, mas não reagem. E quando reagem encontram na violência a voz da liberdade.”
P.C.


“A droga vai ser vencida pela violência.” Esta frase ficou martelando na minha cabeça. Não precisei de muito tempo para chegar à conclusão de que ela é extremamente nociva. E se faz mais perigosa ainda se nós a tomarmos como uma verdade que não tem remédio. Um monstro que está diante de nossos olhos, um vírus prestes a virar epidemia. Precisamos criar projetos e programas que sensibilizem a opinião pública sobre a banalização da violência e a valorização da vida dos jovens. Temos que pregar a paz, o respeito, a colaboração nas ações e no discurso. Articular comunidades, indivíduos, grupos, associações e coletivos que comunguem da mesma ideia.

Antes eu até acreditava que algumas pessoas criam que a violência não chegaria até elas. Hoje estas mesmas pessoas ficam aterrorizadas só de pensar que elas podem ser as próximas vítimas. Há um medo quase incontrolável, nervos à flor da pele, reações inesperadas, atitudes impensadas. Se antes você se preocupava apenas com você, hoje você se preocupa com você e com que o outro pode fazer com você. Você anda armado, você fala mal, você grita, você bate, você faz antes mesmo de fazerem com você.

Não quero um dia descer a avenida, cruzar com corpos no chão, e passar por eles como se aquilo fosse normal. Não quero ver mãe matar filho, filho matar avô, avô sumir com neto e achar que tudo isso é normal. A violência não é normal. É ANORMAL! As pessoas vivem na defesa e ao mesmo tempo no ataque. Criticam, mas não reagem. E quando reagem encontram na violência a voz da liberdade. Uma liberdade hipócrita que dorme com uma ideologia e acordam com um adágio popular.

“Hoje eles pedem. Amanhã eles vão tomar!” Eles já estão tomando. Quando pedem dizem de outra maneira que você deve dar. Você é o responsável pela manutenção da epidemia. Precisamos criar oportunidades de inclusão social, com propostas concretas, com finalidades que garantam autonomia, espaços de convivência, ressocialização. A droga, em si, não é a causa final da violência. A violência está em nós. A violência é um fato social, ela existe de maneira própria, independente de quem a use. Não ouso afirmar que ela tem como base a pobreza. Seria estupidez. Há muitos alicerces a serem explorados.


A violência física ou simbólica é inata. O homem a traz contigo. Não consegue freá-la – salvo raras exceções - em situações de estresse. Extravasa, exterioriza, cospe, vomita. A saída está na sensibilização, no discurso, na ideologia, e, sobretudo, no amor. E este começa no abraço, no aperto de mão e nas palavras obrigado, desculpe, com licença e por favor. Quatro palavras simples que abrem portas, quatro chaves pequenas que podem resolver muitos problemas.

Texto de Pawlo Cidade, Diretor Artístico da Comunidade Tia Marita

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