P.C.

“A droga vai ser vencida pela violência.”
Esta frase ficou martelando na minha cabeça. Não precisei de muito tempo para
chegar à conclusão de que ela é extremamente nociva. E se faz mais perigosa
ainda se nós a tomarmos como uma verdade que não tem remédio. Um monstro que
está diante de nossos olhos, um vírus prestes a virar epidemia. Precisamos
criar projetos e programas que sensibilizem a opinião pública sobre a
banalização da violência e a valorização da vida dos jovens. Temos que pregar a
paz, o respeito, a colaboração nas ações e no discurso. Articular comunidades,
indivíduos, grupos, associações e coletivos que comunguem da mesma ideia.
Antes eu até acreditava que
algumas pessoas criam que a violência não chegaria até elas. Hoje estas mesmas
pessoas ficam aterrorizadas só de pensar que elas podem ser as próximas
vítimas. Há um medo quase incontrolável, nervos à flor da pele, reações
inesperadas, atitudes impensadas. Se antes você se preocupava apenas com você,
hoje você se preocupa com você e com que o outro pode fazer com você. Você anda
armado, você fala mal, você grita, você bate, você faz antes mesmo de fazerem
com você.
Não quero um dia descer a avenida,
cruzar com corpos no chão, e passar por eles como se aquilo fosse normal. Não
quero ver mãe matar filho, filho matar avô, avô sumir com neto e achar que tudo
isso é normal. A violência não é normal. É ANORMAL! As pessoas vivem na defesa
e ao mesmo tempo no ataque. Criticam, mas não reagem. E quando reagem encontram
na violência a voz da liberdade. Uma liberdade hipócrita que dorme com uma
ideologia e acordam com um adágio popular.
“Hoje eles pedem. Amanhã eles vão
tomar!” Eles já estão tomando. Quando pedem dizem de outra maneira que você
deve dar. Você é o responsável pela manutenção da epidemia. Precisamos criar
oportunidades de inclusão social, com propostas concretas, com finalidades que
garantam autonomia, espaços de convivência, ressocialização. A droga, em si,
não é a causa final da violência. A violência está em nós. A violência é um
fato social, ela existe de maneira própria, independente de quem a use. Não ouso
afirmar que ela tem como base a pobreza. Seria estupidez. Há muitos alicerces a
serem explorados.
A violência física ou simbólica é
inata. O homem a traz contigo. Não consegue freá-la – salvo raras exceções - em
situações de estresse. Extravasa, exterioriza, cospe, vomita. A saída está na
sensibilização, no discurso, na ideologia, e, sobretudo, no amor. E este começa
no abraço, no aperto de mão e nas palavras obrigado, desculpe, com licença e
por favor. Quatro palavras simples que abrem portas, quatro chaves pequenas que
podem resolver muitos problemas.
Texto de Pawlo Cidade, Diretor Artístico da Comunidade Tia Marita
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