segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

TRANSFERÊNCIAS FUNDO A FUNDO PARA OS SISTEMAS DE CULTURA ESTÁ MAIS PERTO


Foto: Acácio Pinheiro/Ascom MinC

Incrementar o Sistema Nacional de Cultura (SNC), por meio da descentralização de recursos (e políticas) para estados e, prioritariamente, pequenos municípios. A meta – inédita e de grande potencial – é uma das prioridades da Secretaria de Articulação e Desenvolvimento Institucional (Sadi) do Ministério da Cultura (MinC), comandada pelo sociólogo Adão Cândido (FOTO). O secretário adiantou, ao Portal do MinC, as políticas prioritárias da secretaria, que se caracterizam por impactar diversas outras áreas do Ministério. 

Já está na Casa Civil da Presidência da República o projeto que regulamenta o repasse de transferências no modelo fundo a fundo, preparado pela atual gestão em cerca de 30 dias. Previsto pelo SNC desde 2010, a proposta até hoje havia ficado parada. Com essa medida, pretende-se promover uma verdadeira transformação na articulação entre os entes federados. 

Também estão sob a gestão da Sadi as políticas de internacionalização da Cultura. Para a área, o secretário prevê uma agenda que inclua tanto gestores públicos como expoentes da economia criativa de diversos países. 

Leia abaixo a íntegra da entrevista:



Como responsável pela Secretaria de Articulação e Desenvolvimento Institucional (Sadi), como o senhor pretende atuar, especialmente com os entes federativos?

Nossa ideia é incrementar a relação entre o governo federal e estados e municípios, no que tange ao Sistema Nacional de Cultura, ao desenvolvimento do Plano Nacional de Cultura, à Conferência Nacional de Cultura e a todas as políticas inerentes a esse relacionamento. Nesta gestão, também há uma forte característica de articulação política dos interesses do Ministério no Congresso e também na área internacional, que está sob nossa responsabilidade. Nós servimos também como um suporte à atividade das outras secretarias no relacionamento institucional, entre órgãos do governo e com outros Poderes. Trata-se de uma atividade de apoio para que outras secretarias possam realizar suas atividades. 

Com quais ferramentas a secretaria conta pra promover esse trabalho?

O Sistema Nacional de Cultura, por exemplo, tem uma ideia generosa de integrar os entes federados de forma a dar coerência a ações públicas na área da Cultura. Mas ainda falta regulamentação de uma fase muito importante do processo, que é a transferência fundo a fundo. Os municípios e estados, ao se integrarem ao Sistema Nacional, esperam que, em contrapartida, o governo federal aporte recursos para o desenvolvimento das atividades culturais e o consequente atingimento das metas do Plano Nacional. Mas, atualmente, isso não é muito fácil, porque a legislação que regulamenta o fundo a fundo não está pronta, apesar de estar prevista no SNC desde 2010. Então, nós preparamos em cerca de um mês um projeto que já foi encaminhado à Casa Civil da Presidência da República. Isso será uma grande transformação, vai pôr de pé o Sistema Nacional de Cultura. Isso porque a possibilidade real dessa política leva a comunidade cultural do município a se mobilizar para criar o Conselho, a Câmara Municipal a instituir o seu Fundo, a prefeitura a assinar o termo de adesão ao Plano Nacional. Acreditamos na volta de uma grande adesão ao Sistema Nacional de Cultura. 

O MinC tem alguma prioridade no estímulo a essa adesão? 

Aqueles municípios que tiverem o Conselho Municipal de Cultura, que instituírem o seu Fundo e aderirem ao Plano vão se habilitar a receber a transferência (de recursos). Hoje, 878 municípios já estão nesta condição. E nós vamos priorizar os municípios com menos de 50 mil habitantes, que representam a grande massa de municípios do País. Nestes, não haverá necessidade de contrapartida. Isso impacta diretamente uma meta dessa gestão, que é a descentralização dos recursos e a priorização da Cultura na ponta. Queremos levar a Cultura para pessoas que não são beneficiadas normalmente e que estão fora dos grandes centros e dos grandes conglomerados urbanos. Essa medida é revolucionária nesse sentido, pois descentraliza radicalmente os recursos, colocando a tarefa de escolha e execução dos projetos para os prefeitos e seus Conselhos Municipais de Cultura.

Mas a partir do momento em que ocorrer a transferência, o MinC continuará acompanhando as políticas culturais a serem implementadas pelos municípios?

Claro. E, com o repasse, haverá uma definição de prioridades junto ao Conselho, as quais devem estar alinhadas ao Plano Nacional de Cultura. Então, o prefeito não pode fazer uma escolha solitária. Ele deve analisar, junto com o Conselho, quais atividades locais se alinham às políticas embasadas pelo Ministério. As ações serão acompanhadas, até por se tratar de verba pública. O MinC também está desenvolvendo convênios com os Tribunais de Contas estaduais para que eles sejam notificados, junto com o Ministério Público, do envio dessas verbas. Assim, eles também ficam cientes.

Essa medida pode colaborar para fortalecer o próprio Fundo Nacional da Cultura?

Sim. Atualmente temos o Fundo que vem das loterias. Ele não representa aumento de nenhuma verba, pois essa verba já está prevista – mas está contingenciada. Estamos trabalhando com a Presidência para que a gente recupere essa verba. No momento, a previsão desse recurso atenderia à nossa necessidade – ele gira em torno de R$ 280 milhões, o que nos permitiria fazer uma boa descentralização de recursos para municípios e estados. É um valor expressivo, pronto para ser descentralizado de forma radical. Além disso, um dos problemas que temos, estruturalmente, é a baixa execução orçamentária. Com essa medida, nós também vamos enfrentar esse problema. Faremos a transferência e, nesse caso, a execução ficará sob a responsabilidade dos municípios. Essa também é uma forma de diminuir a grande necessidade de análise de projetos e de prestação de contas pelo MinC, ações que demandam grande mobilização de recursos humanos e materiais.

Em relação ao Plano Nacional de Cultura, a Sadi prevê alguma revisão de metas?

Iremos convocar uma conferência, no segundo semestre de 2017, para analisar o plano e adaptá-lo à nova realidade brasileira. Existem muitas metas exageradas, de um tempo de euforia. Como o plano prevê uma revisão no período de 10 anos (2010 a 2020), ele ainda não foi atualizado para estabelecer metas mais próximas do momento em que estamos vivendo. Então, uma das nossas metas é sim revisar e atualizar o Plano Nacional de Cultura.

A Sadi também é responsável pelas políticas de internacionalização da Cultura. Quais as ações previstas? 

Essa área tem uma importância muito grande, principalmente no trabalho em conjunto com o Itamaraty, de divulgação e promoção da cultura brasileira no exterior. Neste momento, temos um conjunto de atividades com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). No dia 5 de maio, vamos promover, em Salvador, um encontro com os ministros da Cultura dos países integrantes da CPLP. Vamos apresentar uma série de iniciativas, como a ampliação do Centro Lúcio Costa – um Centro de Formação em Gestão do Patrimônio – na oferta de bolsas para alunos da Comunidade. E, no próximo ano, realizaremos a terceira edição do Micsul, o Mercado de Indústrias Culturais do Sul. Depois de uma edição na Argentina e outra na Colômbia, o Brasil realizará a maior delas, em São Paulo. Iremos oferecer uma intensa programação, abarcando novas áreas, como gastronomia, artes visuais e patrimônio. É uma ação em conjunto com a Secretaria de Economia da Cultura do MinC, mas com forte atuação da nossa área internacional. Outra importante iniciativa nesse sentido é a Semana Cultural Brasil-Colômbia. É uma ação prioritária, que tem como objetivo integrar os dois países, até em retribuição à generosidade do povo colombiano diante do acidente aéreo que vitimou a equipe de futebol da Chapecoense, além de jornalistas e tripulação. Devemos realizar atividades em Bogotá e Medellín, levando expressões da nossa cultura para interagir como o povo colombiano. 



Assessoria de Comunicação

Ministério da Cultura


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