quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

APENAS SEIS CIDADES POSSUEM CONSELHO DE CULTURA NO LITORAL SUL

Foto: José Nazal
Ilhéus é uma das cidades que tem um dos CMC mais ativos do Estado

Mesmo com uma diversidade cultural que abrange povos indígenas, quilombolas, agricultores familiares, assentados de reforma agrária e população urbana, as cidades do Território de Identidade do Litoral Sul ainda enfrentam o desafio de ter seus conselhos de cultura constituídos. Um mapeamento feito pelo Portal do CEC identificou que entre 24 cidades da região, apenas seis (25%) possuem conselhos municipais de cultura.

O Território de Identidade do Litoral Sul possui cerca de 771.414 habitantes, segundo dados do censo do IBGE. São 26 cidades, sendo que para o levantamento desta reportagem ficaram de fora os municípios Floresta Azul e Una, localidades onde não foram encontrados representantes culturais do poder público, apesar de inúmeras tentativas ao longo de dois meses.

As cidades com conselhos municipais de cultura são Almadina, Ibicaraí, Ilhéus, Itajuípe, Maraú e Mascote. As demais não possuem os órgãos instituídos ou estão em fase de ativação ou reativação. Fontes ouvidas pelo Portal do CEC em algumas cidades alertam que a inexistência dos conselhos é motivada pela falta de consciência dos dirigentes municipais de cultura, que ainda não percebem a importância do órgão para a implantação do Sistema Municipal de Cultura (SMC). O levantamento revelou que algumas prefeituras ainda estão descomprometidas com a área cultural.

Em Coaraci, cidade com 20.964 habitantes, por exemplo, há uma diretoria de cultura, mas não existe ninguém no cargo de diretor. De acordo com professor José Valdir Carvalho, que tem colaborado com as políticas culturais do município, o órgão está inativo até que sejam criados instrumentos legais para a consolidação das ações culturais. “A diretoria existe, mas não tem ainda gestão de cultura”, comentou.

DESCONHECIMENTO – O levantamento do Portal do CEC revelou que existe desconhecimento no que diz respeito ao Sistema Municipal de Cultura (SMC) também por parte da sociedade civil, que, muitas vezes, está desacreditada com a gestão pública. É o caso da cidade de Camacã, onde o gestor de cultura Antônio Moura revelou que tem “um pouco de dificuldade” quando precisa convocar a comunidade para a formação de um conselho, embora já existam pessoas engajadas no assunto.

“Há um descrédito geral em relação aos governos. Ainda assim, tenho convocado a sociedade civil e algumas pessoas têm abraçado a ideia. A partir do momento que mostramos que existem oportunidades, a comunidade sabe que pode atuar mais. Apesar de todas as dificuldades, procuramos apoio do comércio local, assim conquistamos a simpatia da sociedade civil, orientando a importância da participação”,  comenta Moura.

O gestor de cultura afirma que membros da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) firmaram uma parceria com a diretoria de cultura de Camacã, a fim de que seja traçado um diagnóstico do setor cultural na cidade. O objetivo é identificar e cadastrar as principais atividades culturais dos municípios como bandas, atividades religiosas e festas calendarizadas.

Para a ex-conselheira estadual de Cultura Tica Simões, que é moradora da região, os representantes do poder público precisam ter mais atenção com as demandas do setor cultural. Além de ser uma área com forte presença histórica e identitária na Bahia, o Território de Identidade do Litoral Sul é marcado por muitas manifestações culturais que acontecem sem nenhum apoio do governo. “E a região é um celeiro de escritores, músicos e artistas”, assinala.

Sobre a falta de conselhos de cultura na região, Tica lamenta que o diálogo entre sociedade civil e poder público fique prejudicado diante da ausência do órgão. “A formação de conselhos de cultura fica condicionada à vontade do poder público. A representação política da região carece de maior sensibilidade para a cultura. Talvez, por isso, existam os problemas envolvendo sociedade civil versus poder público e as atividades culturais aconteçam muito mais por iniciativa da sociedade civil”, desabafa.


O Território de Identidade do Litoral Sul é caracterizado pela diversidade de produção a partir de itens cacau, banana, café, mandioca, seringueira, coco e dendê. É formado pelos seguintes municípios: Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Barro Preto, Buerarema, Camacã, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul, Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itapé, Itapitanga, Jussari, Maraú, Mascote, Pau Brasil, Santa Luzia, São José da Vitória, Ubaitaba, Una e Uruçuca.

Fonte: Ascom/CEC

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