Foto: José Nazal
Ilhéus é uma das cidades que tem um dos CMC mais ativos do Estado
Mesmo com uma diversidade cultural
que abrange povos indígenas, quilombolas, agricultores familiares, assentados
de reforma agrária e população urbana, as cidades do Território de Identidade
do Litoral Sul ainda enfrentam o desafio de ter seus conselhos de cultura
constituídos. Um mapeamento feito pelo Portal do CEC identificou que entre 24
cidades da região, apenas seis (25%) possuem conselhos municipais de cultura.
O Território de Identidade do
Litoral Sul possui cerca de 771.414 habitantes, segundo dados do censo do IBGE.
São 26 cidades, sendo que para o levantamento desta reportagem ficaram de fora
os municípios Floresta Azul e Una, localidades onde não foram encontrados
representantes culturais do poder público, apesar de inúmeras tentativas ao
longo de dois meses.
As cidades com conselhos municipais
de cultura são Almadina, Ibicaraí, Ilhéus, Itajuípe, Maraú e Mascote. As demais
não possuem os órgãos instituídos ou estão em fase de ativação ou reativação.
Fontes ouvidas pelo Portal do CEC em algumas cidades alertam que a inexistência
dos conselhos é motivada pela falta de consciência dos dirigentes municipais de
cultura, que ainda não percebem a importância do órgão para a implantação do
Sistema Municipal de Cultura (SMC). O levantamento revelou que algumas
prefeituras ainda estão descomprometidas com a área cultural.
DESCONHECIMENTO – O
levantamento do Portal do CEC revelou que existe desconhecimento no que diz
respeito ao Sistema Municipal de Cultura (SMC) também por parte da sociedade
civil, que, muitas vezes, está desacreditada com a gestão pública. É o caso da
cidade de Camacã, onde o gestor de cultura Antônio Moura revelou que tem “um
pouco de dificuldade” quando precisa convocar a comunidade para a formação de
um conselho, embora já existam pessoas engajadas no assunto.
“Há um descrédito geral em relação
aos governos. Ainda assim, tenho convocado a sociedade civil e algumas pessoas
têm abraçado a ideia. A partir do momento que mostramos que existem
oportunidades, a comunidade sabe que pode atuar mais. Apesar de todas as
dificuldades, procuramos apoio do comércio local, assim conquistamos a simpatia
da sociedade civil, orientando a importância da participação”, comenta
Moura.
O gestor de cultura afirma que
membros da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) firmaram uma parceria com
a diretoria de cultura de Camacã, a fim de que seja traçado um diagnóstico do
setor cultural na cidade. O objetivo é identificar e cadastrar as principais
atividades culturais dos municípios como bandas, atividades religiosas e festas
calendarizadas.
Para a ex-conselheira estadual de
Cultura Tica Simões, que é moradora da região, os representantes do poder
público precisam ter mais atenção com as demandas do setor cultural. Além de
ser uma área com forte presença histórica e identitária na Bahia, o Território
de Identidade do Litoral Sul é marcado por muitas manifestações culturais que
acontecem sem nenhum apoio do governo. “E a região é um celeiro de escritores,
músicos e artistas”, assinala.
Sobre a falta de conselhos de
cultura na região, Tica lamenta que o diálogo entre sociedade civil e poder
público fique prejudicado diante da ausência do órgão. “A formação de conselhos
de cultura fica condicionada à vontade do poder público. A representação
política da região carece de maior sensibilidade para a cultura. Talvez, por
isso, existam os problemas envolvendo sociedade civil versus poder público
e as atividades culturais aconteçam muito mais por iniciativa da sociedade
civil”, desabafa.
O Território de Identidade do
Litoral Sul é caracterizado pela diversidade de produção a partir de itens
cacau, banana, café, mandioca, seringueira, coco e dendê. É formado pelos
seguintes municípios: Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Barro Preto, Buerarema,
Camacã, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul, Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna,
Itacaré, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itapé, Itapitanga, Jussari, Maraú,
Mascote, Pau Brasil, Santa Luzia, São José da Vitória, Ubaitaba, Una e Uruçuca.
Fonte: Ascom/CEC
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