A tradicional festa da Puxada do
Mastro de São Sebastião, realizada anualmente em Olivença, estância turística
localizada a 15 quilômetros da cidade de Ilhéus, tem um fundamento histórico na
vivência do povo indígena que sempre habitou a região. Em 2017, a festividade,
que hoje une diversas culturas, teve início ontem (6) e prossegue hoje e amanhã, com
eventos religiosos e de cultura popular, promovidos por núcleos da comunidade
nativa e pela Secretaria Municipal de Turismo (Setur).
A festa se concentra na praça principal
de Olivença, hoje denominada Cláudio Magalhães, onde está situada a Igreja de
Nossa Senhora da Escada, construída pelos padres jesuítas por volta do ano de
1700, e que hoje simboliza o patrimônio histórico de Ilhéus. A Puxada do Mastro
de São Sebastião origina-se no Século XVII e acontece em diversas localidades,
no Brasil.
Os professores Saul Mendez Sanchez
Filho e Odilon Pinto, da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), chamam a
atenção para a institucionalização da festa, que passou a integrar o calendário
oficial do Município de Ilhéus, após a reconhecida potencialidade popular e
cultural do evento, sendo realizada no segundo domingo do mês de janeiro.
A secular “Puxada do Mastro de São
Sebastião” acrescenta um conteúdo cultural favorecendo o turismo e a
própria população local, que se deslocam para assistir e participar do evento.
A festa mantém rituais indígenas e outras manifestações culturais, além de
apresentações artísticas, que entretém turistas de diversas regiões do
Brasil.
Ritual – Embora tenha vários
ciclos, a Festa da Puxada do Mastro se inicia com a escolha da árvore, por um
grupo de machadeiros, que determina qual será o mastro utilizado naquele ano.
Nos dias que antecedem ao evento, a comunidade local se dedica aos preparativos,
como a ornamentação da Praça e atividades festivas paralelas. No local onde a
árvore é derrubada, acontece um misto de devoção, fé e sacralidade, “onde
indígenas reafirmam seus laços familiares e repassam a tradição para os mais
novos. através do mastaréu, um mastro menor específico para que os adolescentes
sejam iniciados na tradição, seguindo o exemplo dos adultos, desgalhando,
descascando e puxando o tronco desde a mata, passando pela praia, até chegar à
praça principal do antigo aldeamento jesuítico”, conta o professor Erlon Costa.
Ele ressalta que devido à nova
concepção de sustentabilidade, novos rituais foram inseridos no festejo ao
longo dos anos, entre eles, a prática do Poranci, antes da saída do cortejo até
a mata, e o replantio de árvores no local da cepa. “Vários elementos semióticos
são observados no instante da festa, folhas de árvores e cipó se tornam
adereços de cabeça, pedaços de corda se tornam enfeites para o corpo na busca
da memória dos antepassados, o mastro puxado pela população é arrastado pelas
praias de Olivença até chegar à ladeira principal onde é aguardado por uma
multidão que, ao som bandas locais, animam a festa”, relata Erlon.
Artistas – Com o apoio das
secretarias de Turismo e Cultura, a festa serve de palco para a apresentação de
artistas locais e, este ano, conta com as presenças do prefeito Mário
Alexandre, do vice-prefeito José Nazal, o secretário de Turismo e interino da
Cultura, Roberto Lobão, além de vereadores e lideranças populares. De
sexta-feira até domingo, o público poderá assistir aos shows das bandas
Paulinho Xôxô e Baru Imperador, a partir das 20h30min; no sábado, a
partir das 20 horas, Som do Skulacho, A Rapazziada e Pagofunk; e no
domingo, a partir das 16h30min, as bandas Proibida, Bombadão e Tony
Canabrava.
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