quarta-feira, 13 de março de 2019

ARTIGO

Curso de Especialização em Gestão Cultural da Universidade Estadual de Santa Cruz: Análise de Qualidade e Abrangência no Território Litoral Sul da Bahia
        Renata Rodrigues Mendes[1]
                                           Samuel Leandro Oliveira de Mattos[2]

Resumo

Este artigo se propõe analisar a qualidade do Curso de Especialização em Gestão Cultural da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), em Ilhéus, e sua abrangência no âmbito do Território de Identidade Litoral Sul da Bahia. Em específico, objetivou-se aqui verificar a relação do Curso com as políticas culturais baianas (em referência ao período 2007-2017); sua inter-relação com os demais setores culturais da própria Universidade e o grau de satisfação dos estudantes quanto à infraestrutura, professores, coordenação, disciplinas e materiais utilizados. Metodologicamente, a pesquisa foi documental e de natureza qualitativo-descritiva. Os dados foram obtidos dos arquivos da Secretaria do Curso, da Secretaria de Pós-Graduação e de informações diversas, disponíveis no sítio institucional da UESC, na internet. Como resultado, percebeu-se que o Curso é considerado de boa qualidade, que os docentes são qualificados, que os conteúdos disciplinares são satisfatórios e que a sua infraestrutura atende às necessidades. Constatou-se também que há relativa inter-relação com setores culturais da UESC e grande sintonia com as políticas públicas estaduais, no campo da cultura. Quanto à abrangência, observou-se que o Curso se encontra em expansão para praticamente todo o Território, para outras regiões da Bahia e, ainda, para outros estados do Brasil. Por fim, embora o Curso ainda esteja em fase de consolidação, concluiu-se que este já seja relevante para a formação de gestores culturais no Sul da Bahia e se desenvolva solidamente na relação universidade- sociedade.

Palavras-chave: Cultura, Gestão Cultural, Curso de Especialização. 


Introdução

A partir de 2003, através da gestão do Ministro Gilberto Gil no Ministério da Cultura, a formação de gestores culturais passou a integrar as políticas públicas brasileiras de forma expressiva e crescente. De igual modo, a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT), a partir do ano de 2007, em parceria com universidades públicas, passa a canalizar esforços para a formação de gestores culturais, no intuito de contribuir para o desenvolvimento da cultura e das artes como forma de geração de renda e postos de trabalho. Na esfera Sulbaiana, a Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que integra a rede estadual de educação em nível superior, por sua vez (e em parceria com a SECULT), passou a ofertar diversos cursos de formação em gestão cultural, a título de extensão, que depois convergiram para uma Especialização em Gestão Cultural, lato sensu, em nível de pós-graduação. Tais ações, iniciadas pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), contaram com importante apoio do Departamento de Letras e Artes (DLA), Núcleo de Artes da UESC (NAU), Departamento de Ciências Administrativas e Contábeis (DCAC), Departamento de Ciências Econômicas (DCEC), dentre outras instâncias, e entidades externas à Universidade, a exemplo da Associação dos Municípios da Região Cacaueira – AMURC. Nesse contexto, esta pesquisa objetivou analisar o Curso de Especialização, como ação formativa da UESC, no campo da cultura, junto ao Território de Identidade Litoral Sul da Bahia. Particularmente, analisou-se sua qualidade e abrangência. Este estudo, assim, utilizou-se de pesquisa bibliográfica, incluindo livros, artigos, dados postados na internet, registros do DLA, PROEX, da Coordenação do Programa de Formação em Gestores Culturais (extensão) e da própria Secretaria do Curso de Especialização em Gestão Cultural (pós-graduação).

Material e Metodologia

Esta pesquisa, de cunho bibliográfico e descritivo, utilizou-se exclusivamente de dados secundários, obtidos de fontes da própria Universidade: Pró-Reitoria de Extensão, Departamento de Letras e Artes, arquivos da coordenação dos cursos realizados entre 2008 e 2016, e do próprio curso de Especialização em Gestão Cultural. Os dados foram categorizados, tabulados e dispostos em gráficos e quadros. Por sua vez, a área de abrangência da pesquisa foi o Território Litoral Sul da Bahia, que é um dos 27 territórios de identidade do Estado, e que engloba 26 municípios, elencados a seguir, dos quais Itabuna e Ilhéus são os maiores e receptores da maioria das ações formativas da UESC: Almadina, Arataca, Aurelino Leal, Buerarema, Camacan, Canavieiras, Coaraci, Floresta Azul, Barro Preto, Ibicaraí, Ilhéus, Itabuna, Itacaré, Itaju do Colônia, Itajuípe, Itapé, Itapitanga, Jussari, Maraú, Mascote, Pau Brasil, Santa Luzia, São José da Vitória, Ubaitaba, Una e Uruçuca. 

Vale ainda observar que o mencionado Território possui uma extensão total de 14,6 mil quilômetros quadrados, com aproximadamente 772,6 mil habitantes, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010). Sua vegetação predominante é a da Mata Atlântica, encontrada ao longo da costa, e clima tropical úmido e subúmido. O imaginário regional (aos olhos do Brasil e do exterior) é fortemente caracterizado pela mata, pela cacauicultura e pela riqueza dos chamados coronéis do cacau. Tais imagens têm sido difundidas (a partir da década de 1950) pela literatura de Jorge Amado, Adonias Filho, dentre outros escritores regionais, além de filmes e telenovelas (sobretudo a partir dos anos de 1970). Contemporaneamente, todavia, o Território paulatinamente se torna conhecido pela sua biodiversidade, culturas indígenas e afro-brasileiras, além de outros aspectos no âmbito da diversidade cultural.  

Vale ainda observar que o Município de Ilhéus-BA, que sedia a UESC, localiza-se no sudeste do Estado, dista 471 Km de Salvador, capital da Bahia, e tem população  de 184.236  habitantes (IBGE, 2010), com estimativa de redução para 176.300 habitantes (2017). O Município se limita ao leste com o Oceano Atlântico; ao norte com os municípios de Aurelino Leal, Itacaré e Uruçuca; ao oeste com Buerarema, Coaraci, Itabuna, Itajuípe e Itapitanga e, ao sul, com a cidade de Una. As vias de acesso rodoviário para o município são a BA-261 (Rodovia Ilhéus-Uruçuca), a BA-415 (Ilhéus-Itabuna, também chamada de Jorge Amado) e a BA-001 (Ilhéus-Itacaré e Ilhéus-Canavieiras). A cidade também conta com um aeroporto, fundado em 1938, inicialmente denominado Aeroporto Brigadeiro Educado Gomes, rebatizado com o nome de Aeroporto Jorge Amado (em 2001) e um porto marítimo: Porto do Malhado (1971).

Cultura

A cultura se apresenta como expressão da própria condição humana, distinta da natureza. Pode ser vista e compreendida como todo processo do fazer, ser e pensar humanos, suas relações interpessoais, experiências acumuladas (ensinadas e aprendidas), percepções que se tem dos lugares e das coisas. A propósito, Marilena Chauí afirma que “... todos os indivíduos e grupos são seres e sujeitos culturais” (1995, p.81). Contudo, talvez o conceito mais abrangente seja o que se encontra no discurso de posse de Gilberto Gil, como Ministro da Cultura, em 2003:

“... Cultura como tudo aquilo que, no uso de qualquer coisa, se manifesta para além do mero valor de uso. Cultura como aquilo que, em cada objeto que produzimos, transcende o meramente técnico. Cultura como usina de símbolos de um povo. Cultura como conjunto de signos de cada comunidade e de toda a nação. Cultura como o sentido de nossos atos, a soma de nossos gestos, o senso de nossos jeitos...”.

 Vale ressaltar que, a partir da gestão de Gilberto Gil, e no que tange às políticas públicas, a cultura passou a ser vista por três aspectos fundamentais: simbólico, cidadão e econômico. Assim sendo, a dimensão simbólica se refere aos diferentes modos de vida, as expressões, saberes, a forma que é concebida a identidade de um povo. A cidadã se refere ao ponto de vista de um direito fundamental, o direito à cultura, como vetor de inclusão social. Já a econômica, relaciona-se à noção de cadeia produtiva e mercado. Neste prisma, último, consideram-se elementos como criação, produção, distribuição e consumo de bens culturais. 

Gestão Cultural

Segundo Groppo (2006), a palavra gestão se origina do latim: “gestio”. Significa “ato de dirigir”, ou seja, de administrar. Acredita-se que a utilização desse termo remete à Revolução Industrial, quando o setor produtivo deixou de ser manufaturado para dar vez ao processo de industrialização, através de máquinas. Por extensão, pode-se considerar que “gestão” seja a própria administração de negócios públicos ou privados.

Por sua vez, Bayardo (2008) destaca que a Gestão Cultural deve ser entendida como uma mediação de atores sociais, de bens e processos materiais e imateriais, das particularidades, especialidades no processo da produção. Entende que tal intervenção possibilite desde a produção dos bens culturais, até o seu consumo. E, nesse processo, há os que criam (artistas, por exemplo), os que produzem (trabalham para inserir o produto no mercado), promovem (ações de difusão dos bens) e há os que consomem os bens e serviços culturais na sociedade (público). Nesse contexto, o gestor cultural é aquele que agencia, intermédia, organiza, dialoga com as diferentes instâncias culturais, conforme pontua Cunha:

A gestão cultural é uma profissão complexa que estabelece um compromisso com a realidade de seu contexto sociocultural, político e econômico e, para tanto, é preciso a consciência de que gerenciar e planejar não significa, em momento algum, intervir na liberdade de expressão individual ou de grupos artísticos, ao contrário, significa sintonizar ideias, compreender as realidades no entorno e no mundo, dimensionar os recursos financeiros e humanos para tornar mais eficiente e eficaz a ação pretendida. (2013, p. 17)
  
Políticas Culturais Baianas (2007-2017)

No que tange às políticas públicas baianas, na área cultural, o órgão central é a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SECULT). Além das suas estruturas administrativas (comuns às secretarias estaduais), a SECULT conta com a Superintendência de Promoção Cultural, que engloba as diretorias de Fomento e a de Economia da Cultura, e com a Superintendência de Desenvolvimento Territorial da Cultura, composta pelas diretorias de Territorialização da Cultura, de Gestão da Cultura e a de Espaços Culturais. No que se refere a órgãos colegiados, há o Conselho Gestor do Centro Antigo de Salvador e o Conselho Estadual de Cultura. Observa-se, ainda que, à SECULT, estão vinculados os seguintes organismos:

a) Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia – IPAC, criado em 1967, para a salvaguarda de bens culturais tangíveis e intangíveis do patrimônio cultural baiano;
b) Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), criado em 1969, engloba a Rádio Educadora da Bahia, a TV Educativa da Bahia e o Portal do IRDEB.
c) Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), criada em 1974, dá suporte a programas e projetos que promovam, incentivem e desenvolvam a formação, a criação, a produção, a pesquisa, a difusão e a memória das Artes Visuais, do Audiovisual, do Circo, da Dança, da Literatura, da Música e do Teatro da Bahia;
d) Fundação Pedro Calmon (FPC), criada em 1986, coordena o sistema de arquivos e bibliotecas públicas do Estado da Bahia. 
e) Centro de Culturas Populares e Identitárias, criado em 2013, volta-se ao fomento e promoção das manifestações culturais populares e uso de espaços públicos para tais fins.
A partir de 2007, particularmente, as políticas culturais baianas se afinam com a política nacional, do Ministério da Cultura, com ênfase nas dimensões simbólica, econômica e cidadã. Nesse contexto, o Estado da Bahia foi redividido em 26 territórios de identidade, sendo que Ilhéus-Ba fica no Litoral Sul (o de número 5). Tal medida se deu através do projeto “Territórios de Identidades”, com base no Programa de Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT), originária do Ministério de Desenvolvimento Agrário. Vide figura a seguir:


Entre 2007 e 2017, houve quatro diferentes secretários de cultura junto à SECULT-Bahia, a saber: Márcio Meirelles (2007-2010), Albino Rubim (2011-2014), Jorge Portugal (2015-2017) e Arany Santana (2017...). Nesse período, como um todo, as ações mais expressivas se voltaram para a (o):
a)      criação e consolidação do Sistema Estadual de Cultura;
b)     gestão multi-institucional do Centro Antigo de Salvador;
c)      consolidação da política de territorialização da cultura;
d)     realização de conferências de cultura;
e)      fortalecimento da institucionalidade cultural;
f)      estímulo à economia da cultura;
g)     aprovação da Lei Orgânica da Cultura;
h)     criação do  Programa de Rede de Formação e Qualificação em Cultura;
i)       reconhecimento e valorização da diversidade cultural;
j)       fomento cultural.


A Universidade Estadual de Santa Cruz

A Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) se forma a partir da união de três faculdades isoladas, oriundas da década de 1960: a Faculdade de Direito de Ilhéus, a Faculdade de Filosofia de Itabuna e a Faculdade de Ciências Econômicas de Itabuna.
Essas unidades foram agrupadas num campusuniversitário, entre Ilhéus e Itabuna (atual CampusProf. Soane Nazaré de Andrade), no ano de 1974, através da criação da Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (FESPI), regulamentada pelo Parecer do Conselho Federal de Educação nº 163/74. Observa-se, ainda, que a FESPI, uma instituição privada, teve como uma das suas principais mantenedoras a Comissão Executiva do Plano de Recuperação da Lavoura Cacaueira (CEPLAC).
Em 1991, a FESPI se transforma na Universidade Estadual de Santa Cruz, através da Lei 6.344 de 06/12/91. Em 1995, por sua vez, foi sancionada a Lei 6.898 de 18/08/95, que dava legalidade à formação do Quadro de Pessoal da instituição, o que lhe deu caráter de autarquia, reorganizada pela Lei 7.176, de 10 de setembro de 1997, e finalmente vinculada à Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

A UESC se localiza na Rodovia Jorge Amado, Km 16, bairro do Salobrinho, município de Ilhéus e assim se estrutura: Reitoria, Pró-Reitoria de Administração e Finanças, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Pró-Reitoria de Extensão, Procuradoria Jurídica, Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão, Conselho Universitário, Assessorias, Departamentos, Colegiados de Cursos e comitês.

Conforme dados de 2017, disponíveis no próprio sítio institucional, a UESC oferta 11 cursos de licenciatura, 22 cursos de bacharelado, 18 cursos de mestrado, 06 programas de doutorado e 16 cursos de especialização. No que se refere ao número de alunos, são cerca de 12 mil, entre estudantes de graduação, pós-graduação e educação à distância.

Dentre as instâncias da Universidade que diretamente se relacionam à área cultural, vale mencionar a (o): 
a)  Pró-Reitoria de Extensão, que dá apoio a eventos artístico-culturais, intermédia ações culturais oriundas do Território, oferta e acompanha a oferta de cursos de gestão e produção cultural, dentre outras ações;
b)  Editora da UESC (EDITUS), que também publica obras de escritores regionais externos à Universidade;
c)  Biblioteca Central, que atende às comunidades interna e externa;
d)  Centro de Documentação e Memória Regional (CEDOC), que presta serviços na área de arquivamento, restauro de documentos etc., além de registrar vasta documentação sobre a história sulbaiana;
e)  Rádio e TV Universitária, que visa a educar e informar no âmbito do diálogo entre docentes, discentes, servidores e a comunidade regional;
f)   Núcleo de Artes da UESC (NAU), que oferta cursos e oficinas de violão, flauta, dança e canto, além de abrigar um Ponto de Cultura: Arte e Educação – Musicalização e Canto Coral;
g)  Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais (Kàwé), que realiza estudos na área de tradição oral, linguagem, africanidade, organiza eventos culturais, realiza aulas abertas à comunidade, dentre outras ações;
h)  Centro de Estudos Portugueses Prof. Hélio Simões é um espaço reservado a estudos de literatura e língua portuguesa;
i)   Centro de Tradução, que atende às comunidades interna e externa quanto a serviços de tradução (inglês, francês e espanhol);
j)   Museu Vitrine de Artes Visuais, que expõe diversos temas ligados à arte rupestre brasileira, cerâmica etc.
k)  Fórum de Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais do Território Litoral Sulda Bahia (FAEGSUL), que engloba egressos dos primeiros cursos de gestão cultural da UESC (extensão), produtores culturais regionais, representantes do Território, estudantes, professores, artistas, dentre outras pessoas. Embora o FAEGSUL seja independente, foi criado e organizado no âmbito da Universidade e desta recebe apoio logístico, através da Pró-Reitoria de Extensão.  
O Curso de Especialização em Gestão Cultural da UESC 
Aprovado e autorizado por meio da Resolução nº 34/15 do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UESC, em abril, de 2015, a Especialização em Gestão Cultura (lato sensu) é direcionada à formação em gestão cultural, em nível de pós-graduação. Os eixos temáticos do Curso se voltam para às políticas culturais, ao marketing cultural, à economia da cultura, à legislação cultural brasileira, à elaboração de projetos culturais, à captação de recursos para a cultura, à gestão cultural na esfera pública e privada, aos sistemas de cultura e redes colaborativas, à produção, distribuição e consumo de bens culturais.
O curso se estrutura e caracteriza da seguinte forma:
·Duração: 24 meses;
·Carga horária: 360 horas
·Trabalho de Conclusão de Curso:monografia, artigo ou projeto de intervenção;
·Oferta de vagas: 40 vagas (anuais);
·Público: agentes e gestores culturais, artistas, atores sociais vinculados à cultura, educadores sociais com ações no campo da cultura, empresários e investidores na área cultural, gerentes ou diretores de cultura, pesquisadores da área da cultura, presidentes de fundações culturais, produtores culturais, profissionais do marketingcultural, secretários municipais de cultura e outros segmentos afins.
·Modalidade: presencial, com dois encontros por módulos, sendo estes realizados a cada 15 dias, aos sábados e domingos, no turno matutino e vespertino;
·Aulas de Campo (Imersão Cultural): Além das aulas regulares, no campus universitário, são realizadas “Imersões culturais” junto a cidades e equipamentos culturais do Território. Tais aulas-visitas possibilitam diálogos com artistas, produtores e poder público; diagnóstico da produção, distribuição e consumo de bens culturais locais; parcerias e interlocuções político-culturais, bem como, diálogos entre saberes populares e acadêmico-científico;
Quanto ao corpo docente, este é formado por professores dos vários departamentos da universidade, além de ministrantes de outras instituições, sendo a maioria mestres e doutores.
No que se refere à grade curricular, esta é composta do seguinte programa: Dimensões da Cultura: Interfaces, Diversidade e Desenvolvimento; Políticas Públicas para a Cultura e Marketing Cultural; Ciência e Conhecimento Científico, Metodologia de Pesquisa e Elaboração de Conclusão de Curso; Gestão da Cultura, Patrimônio e Planejamento; Elaboração de Projetos Culturais, Captação de Recursos e Gestão Orçamentária; A Cultura como Direito, Legislação e Direito Cultural, Seminários Temáticas I, Seminários Temáticos II; Sistemas de Cultura e Redes Colaborativas; Economia da Cultura e Economia Criativa, Cultura Brasileira e Produto Cultural Brasileiro; e Projetos Culturais: Seminários de Encerramento.
Devido ao seu caráter multidisciplinar e interdisciplinar, e pelo fato de fazer articulações internas (na UESC) e junto à comunidade externa, o Curso conta com a colaboração de profissionais diversos, mestres do saber (não acadêmicos), produtores culturais, artistas, gestores públicos, empreendedores culturais, empresários, líderes comunitários, entre outros, que ministram aulas e participam de rodas de conversa, dentre outras formas de contribuição. Tais pessoas são vinculadas às seguintes instituições e organizações: Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania – FICC, Associação do Culto Afro Itabunense (ACAI), Ponto de Cultura Filarmônica Dois de Janeiro (de Canavieiras-BA), Rede Museus/Memorial Misael Tavares (de lhéus-BA), Camará Comunicação Total (de Itabuna-BA), Grupo de Capoeira Unida (de Itacaré-BA), Núcleo de Produções Artísticas – NUPROART (de Itabuna), Grupo Encantart e Pre-Afro (de Itabuna-BA), Armazém do Vinil (de Buerarema-BA), Instituto Macuco Jequitibá (Buerarema-BA), Secretaria de Cultura (de Buerarema-BA), Centro Cultural Porto de Trás (de Itacaré-BA), Tia Marita Consultoria e Projetos Culturais (de Ilhéus-BA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Ilhéus-BA), Casa Flor (de Buerarema-BA), Costha Fera Comunicação (de Itabuna-BA), Ataliê Verde Vida (de Itacaré-BA), Projeto Palco Grapiúna (de Itabuna-BA), Casa de Cultura Jonas & Pilar (Buerarema-B) e o Festival de Dança de Itacaré.
Resultados e Discussões
O Curso é semestralmente avaliado pelos alunos, ao final do último módulo disciplinar do período, através de questionários. Portanto, do semestre 2015.2 a 2017.1, esta pesquisa teve acesso a três resultados de avaliações por parte dos discentes. Um semestre, pois, o 2016.2, não pôde ser avaliado, visto que houve extravio dos dados, segundo informações da coordenação do curso. Em todo caso, as avaliações consideraram as disciplinas, a coordenação, o material e os recursos didáticos utilizados e, ainda, a infraestrutura e os serviços. 
  Os resultados foram os seguintes:


   
Figura 1: Avaliação Geral do Segundo Semestre de 2015. Disponível em: http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php


Ao observar este primeiro gráfico, verifica-se que das 31 pessoas que participaram da avaliação, referente ao segundo semestre do ano de 2015, 93,5% estão satisfeitas com a a atuação da Coordenação. Quanto ao material e recursos didáticos utilizados, 35,5% dos entrevistados os consideram ótimo, 49% bom e 15,5% regular. A infraestrutura também obteve boa avaliação, visto que 42% a considerou ótima, 45 % boa. 
Acredita-se que a positividade das observações quanto à Coordenação se deva a vários fatores, mas principalmente à relação cordial que existe entre o coordenador e os alunos. A coordenação também se mostrou ágil no atendimento às demandas da turma, dos professores e na solução de problemas.
Quanto aos materiais e recursos didáticos utilizados, foram considerados relevantes e atuais, servindo de ferramentas para aprendizagem e formação. No tocante a infraestrutura, por sua vez, as salas de aulas são climatizadas, bem iluminadas, espaçosas (mesmo para uma turma de 40 alunos). Todavia, observa-se a existência carteiras e cadeiras acopladas, cujo formato não atende à acomodação de pessoas com necessidades especiais, sobretudo obesas.
   

   
Figura 2: Avaliação de Disciplinas/Módulos do Segundo Semestre de 2015. Disponível em: http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php

Ao observar o segundo gráfico, verifica-se que das 31 pessoas avaliadoras, referente ao segundo semestre do ano de 2015, no tocante ao conteúdo trabalhado, atualidade, aplicabilidade e relevância das disciplinas, 84% dos alunos estão satisfeitos Dimensão da Cultura: Interface, Diversidade e Desenvolvimento(que foi a disciplina introdutória do Curso). Quanto à disciplina Ciência e Conhecimento Científico, Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Trabalho de Conclusão do Curso, também foi trabalhada a contento, uma vez que foi considerada, por 58% dos discentes, como sendo ótima e 35% como boa. Igualmente, em relação à disciplina Políticas Públicas para a Cultura e Marketing Cultural, 45% dos avaliadores estão totalmente satisfeitos, e 45% realizados. Já em relação à disciplina Cultura como Direito, Legislação e Direito Cultural, os dados apontaram um considerável descontentamento dos discentes. Somente 3% deles, pois, consideraram-na ótima, 29% como boa, 39% Regular e 29% como ruim. A propósito, em função desse resultado adverso, a Coordenação do Curso convidou o Professor e Pesquisador Bernando Novais da Mata Machado, um dos criadores do Sistema Nacional de Cultura, para ministrar a palestra intitulada “Direito Cultural”, o que ocorreu no dia 17.09.2016, sendo esta uma aula aberta também ao público externo. Assim, embora não tenha havido uma outra avaliação sobre conteúdos de direito cultural, acredita-se que a mencionada palestra tenha “compensado” alguma deficiência da disciplina regular, anteriormente ministrada. 
  



Figura 3: Disciplinas do Curso de Gestão Cultural, em 2016.1; Disponível em http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php

Ao analisar o terceiro gráfico, verifica-se que das 26 pessoas que participaram da avaliação, correspondente às disciplinas, referente ao primeiro semestre do ano de 2016, 73% dos alunos caracterizam Seminários Temáticoscomo ótima e 23 % como sendo boa (atualidade, aplicabilidade e relevância). Quanto à disciplina Elaboração de Projetos Culturais, Captação de Recursos e Gestão Orçamentária, 57% dos entrevistados a consideraram ótima e 35% como boa. De igual modo, a disciplina Gestão da Cultura, Patrimônio e Planejamento, por 54% dos avaliadores foi considerada ótima e 35 % como boa. Por sua vez, Economia da Cultura e Economia Criativa foi considerada, por 77% dos discentes, como ótima, e 19% como boa. Na sequência, Cultura Brasileira e Produto Cultural Brasileirofoi considerada ótima por 57% dos avaliadores e 35% a considerou boa. 
As disciplinas do primeiro semestre de 2016, em linhas gerais, foram bem avaliadas e seus conteúdos foram considerados úteis quanto ao entendimento das políticas culturais, fortalecimento institucional da cultura, seleções públicas, editais etc.


   
Figura 4: material e recursos didáticos disponibilizados em 2016.1; Disponível em(http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php)

Ao observar o quarto gráfico, constata-se que das 26 pessoas que participaram da avaliação, referente ao  primeiro semestre do ano de 2016, há um grau considerável de satisfação, pois 27% dos alunos afirmaram ser ótimo e 46% bom (material utilizado e recursos disponibilzados). Por outro lado, faz-se necessário pontuar que houve, nesse período, um acréscimo da insatisfação dos alunos, em comparação com o semestre anterior: 19% regular, 4% ruim, 4% não responderam. A propósito, é possível que tal insatisfação tenha relação com discussões registradas, em rede social particular dos estudantes, sobre dificuldades de locomoção e conciliação das aulas com as demais atividades, pessoais, de alguns estudantes. Assim, o esforço para se fazer presente ao campusem finais de semana (sobretudo dos que residem noutras cidades que não Ilhéus ou Itabuna), a constante indisponibilidade de serviço de internet no campus aos domingos, mudanças inesperadas nas datas dos encontros presenciais (aulas), dentre outros fatores, certamente têm relação direta com os resultados da avaliação.




  

  Ao observar o quinto gráfico, relacionado ao primeiro semestre de 2016, considerando os 26 alunos que participaram da pesquisa avaliativa (referente  a relação cordenação/aluno), no que  tange ao atendimento, orientação, relacionamento, organização e resolução de problemas,  verifica-se que os discentes estão bastante satisfeitos, pois 85%  afirmam ter sido ótima, 11% boa e 4% regular. Nesse sentido, as variações em relação ao período anterior não foram significativas. Em linhas gerais, a avaliação é boa.



  

Figura 6: Infraestrutura e Serviços em 2016.1; Disponível em http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php

Ao analisar o sexto gráfico, verifica-se que das 26 pessoas que participaram da avaliação da infraestrutura e serviços relativos ao primeiro semestre de 2016, demonstram contentamento, isso observando que 19% pontuam como ótimo, e 27% como bom, no que se referem ao espaço, instalações equipamentos, conforto e adequação.  No entanto, ainda em relação a esses aspectos, constata-se que há uma semelhança, somando-se os índices de adequabilidade, comparado ao da regularidade com 42%, o que indica uma evidente elevação, diferente do primeiro segundo semestre de 2015. 
Desse modo, depreende-se que essa proporcionalidade se deve ao fato de ter havido constantes mudanças de sala de aula, ora no Pavilhão Adonias Filho, ora no Pavilhão Pedro Calmon, ora no Pavilhão de Direito, o que gerou desconforto e problemas na comunicação entre coordenação e alunos.

 Considerando a ausência de dados referentes à avaliação 2016.2, que seria ainda feita pela primeira turma do curso, da qual faz parte esta pesquisadora, segue-se para o semestre 2017.1, cuja avaliação é da segunda turma (2017-2019). Vide gráfico a seguir.
  


  
Figura7: Disciplinas referentes ao primeiro semestre de 2017. Disponível em:  http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php.

 Ao analisar o sétimo gráfico, observa-se que das 27 pessoas que corroboraram para esta avaliação, concernente ao primeiro semestre de 2017, realizada pela segunda turma da Especialização em Gestão Cultural, no que se refere às disciplinas ministradas, tem-se índices satisfatórios em relação a todas as disciplinas: Cultura Brasileira e Produto Cultural Brasileirofoi considerada, por 59% da turma, como ótima, 37% boa; a de Gestão da Cultura, Patrimônio e Planejamento, pontuada por 26% da turma, como ótima e 63%  como boa; a de  Políticas Públicas para a  Cultura e Marketing Culturalfoi assinalada por 37% da turma como ótima e 44% como boa (conteúdo, atualidade, aplicabilidade e relevância). Somente a disciplina Ciência e Conhecimento CientíficoMetodologia de Pesquisa e Elaboração de Trabalho de Conclusão de Cursoteve avaliação discrepante das demais. Somente 11% da turma a considerou ótima, 15% boa, 52% Regular e 11% ruim. Outros 11% optaram por não responder. 
Um dos problemas informados pela Coordenação se referiu ao fato de o docente/ministrante não ter atentado para a diversidade de opções de TCC: Monografia, artigo ou projeto. Por isso, todo o material didático foi preparado apenas para a opção de monografia.


  
Ao considerar o oitavo gráfico, evidencia-se que das 27 pessoas que participaram da avaliação, referente ao material e recursos didáticos utilizados (em maioria) demonstram contentamento, uma vez que 4% pontuam como ótimo, 55% como bom. Todavia, chama atenção o fato de 37% assinalarem como regular e 4% ruim. Observa-se, ainda, que não foi possível a esta pesquisadora ter acesso a informações, da segunda turma, que pudessem justificar os resultados aqui demonstrados.
   


  
           Figura 9: Avaliação da Coordenação no primeiro semestre de 2017. Disponível em: http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/index.php?item=conteudo_avaliacao.php

Já ao analisar o nono gráfico, constata-se que das 27 pessoas que participaram da avaliação, referente ao primeiro semestre do ano de 2017, uma parte considerável demonstra satisfação com a Coordenação, sendo as maiores percentagens para ótimo e bom: 55% e 37%. Apenas 7% a considera regular.

Embora não se saiba se os fatores elencados a seguir têm relação direta com as diferenças nas avaliações entre primeira e segunda turma do Curso, talvez possam ser úteis a outras possíveis pesquisas sobre o assunto:
a) A maioria dos estudantes da primeira turma já tinha relacionamento profissional e acadêmico com o primeiro Coordenador;
b) A primeira turma foi formada majoritariamente por pessoas egressas de outros cursos da própria Universidade;
c) Houve mudança de coordenação do curso ao final do primeiro semestre 2017.1.




Figura 10: Infraestrutura e Serviços no primeiro semestre de 2017. Disponível em: (www.uesc.br)

Por fim, ao observar o décimo e último gráfico, percebe-se que das 27 pessoas que participaram da avaliação, referente ao primeiro semestre de 2017, no que tange à infraestrutura e serviços, 4% estão totalmente satisfeitos e 74% dizem ser como esperado. 

Abandono, gênero, abrangência, integralização do Curso

Os seguintes dados foram coletados diretamente do Sistema Acadêmico, utilizado pela Coordenação, e pelas fichas de matrícula dos estudantes. 

Assim, até outubro de 2017, quando se encerrou esta pesquisa, constatou-se o seguinte balanço estatístico: 5 alunos, em cada turma, abandonaram o curso. Portanto, tem-se percentual de 12,5% de abandono, por turma. Também foi possível verificar que, na turma (2015-2017), 74% eram mulheres e 26% homens. Já na turma (2017-2019), 66% são mulheres e 34% homens.

Quanto à abrangência territorial/geográfica, com base na cidade de origem do (a) estudante, tem-se os seguintes demonstrativos:



                        Turma (2015-2017) 

Na análise, foi possível constatar, como apresentado no primeiro gráfico que a maior parte dos alunos que compõem a primeira turma reside no eixo Itabuna-Ilhéus, 43% Itabuna e 23% Ilhéus, ou seja, nas proximidades da universidade. Os outros, 34%  residem nos municípios de Itacaré, Ibicaraí, Ibicuí, Ubaitaba, Canavieiras, Camacã, Itajuípe, Ibotirama e Salvador. Ressalta-se que estas duas últimas cidades pertencentes a outros territórios de identidade. Em todo caso, conforme já mencionado, a concentração no entorno da UESC se explica pelo fato de serem egressos da própria instituição. 



Na análise, como apresentado no segundo gráfico, em se tratando ainda do local da residência, foi possível observar que 94% dos alunos residem no Território de Identidade Litoral Sul, com abrangência a outros três territórios, no caso, Região Metropolitana de Salvador, Médio Sudoeste da Bahia e Velho Chico.


Na análise, foi possível verificar, como apresentado no terceiro gráfico, que 57% dos alunos frequentaram cursos de bacharelado, sobretudo nos considerados Ciências Sociais Aplicadas: Administração, Serviço Social, Comunicação Social, Turismo, Gastronomia e Nutrição.  Os outros 43% são oriundos de licenciaturas: Pedagogia, Letras, Filosofia, Educação Física, Estudos Sociais e História. Em todo caso, dada a multidisciplinaridade da Cultura, todos os cursos fazem notória inter-relação com a área artístico-cultural.


Na análise, observou-se, como apresentado no quarto gráfico, que 54% da turma atua de forma profissional no campo da cultura, tendo-a como principal fonte de renda: gestor cultural, músico, poeta, escritor, ator, consultor, cantor, dentre outras profissões. Todavia, há acúmulo de funções (46%), incluindo a professor, assistente administrativo, policial militar, fotógrafo, radialista e gastrônomo.



                                            
   Turma (2017-2019)

Na análise, da segunda turma, como apresentado no gráfico, foi possível perceber que as cidades de origem ficam em três estados diferentes: Bahia (maioria), Pará e São Paulo. Repete-se, assim, a concentração no Estado da Bahia (88%.): Itabuna, Jequié, Floresta Azul, Ilhéus, Ubaitaba, Salvador, Vitória da Conquista, Coaraci, Ituberá, Itapetinga, Nova Canaã e Itacaré. Todavia, o fato de a segunda turma ser formada também por pessoas de outros estados certamente é justificado uma possível maior divulgação do curso em nível nacional. Ressalta-se, ainda, que a Bahia é referência no Brasil em políticas públicas na área cultural. Portanto, em possíveis pesquisas sobre o assunto, também se tem acesso ao Curso de Gestão Cultural da UESC. 
  

Na análise, como apresentado no segundo gráfico, foi possível averiguar que 70% dos alunos residem de fato no Território de Identidade Litoral Sul. As demais se dividem entre o Metropolitano de Salvador, Médio Sudoeste da Bahia, Baixo Sul, médio Rio de Contas e Sudoeste Baiano.


Na análise, como apresentado no terceiro gráfico, foi possível constatar que 74% dos alunos são bacharéis, de diferentes áreas: Comunicação Social, Museologia, Artes Visuais, Administração, Artes Cênicas, Enfermagem, Filosofia, Assistente Social, Publicidade e Marketing, Medicina, Economia e Odontologia. Os outros 26% são licenciados, em Letras, Pedagogia, História, Teatro e Educação Física. Assim se observa que a segunda turma abriga um maior número de estudantes com formação mais próxima da área cultural, em relação à primeira.


Na análise, como apresentado no quarto gráfico, foi possível observar que 86% dos alunos da turma 2 atuam diretamente na área da Cultura, ou seja, vive desse trabalho. A citar: produtores culturais, dançarinos, artistas plásticos, gestores culturais, músicos, compositores e atores. E os outros 14% atuam em diferentes áreas, como: educação (professores), saúde (médica e odontóloga), comunicação (jornalista), servidores públicos.

Após os gráficos, nota-se que as duas primeiras turmas, englobam estudantes de diferentes lugares, inclusive de estados diferentes. Além disto, que os alunos contemplados na seleção são oriundos de diferentes Territórios de Identidade, e que têm formação em diferentes áreas do saber.

Quanto à integralização do Curso, até outubro de 2017, tem-se o seguinte balanço, sobre a primeira turma (ainda sujeito a alterações):

·  Iniciantes: 40
·  Abandono: 05
·  Integralização da creditação: 32
·  TCCs defendidos: 21 

Resultados e Considerações

O Curso de Especialização em Gestão Cultural da UESC se apresenta como bem avaliado pelos seus discentes, no que tange à atuação da coordenação, aos conteúdos disciplinares ministrados e à sua infraestrutura. A propósito, o fato de a segunda turma englobar também estudantes oriundos de outros estados brasileiros pode ser visto como sinal de popularidade crescente do Curso. Até outubro de 2017, aliás, o Curso chegou a 41% dos municípios do próprio Território Litoral Sul (englobando suas principais cidades), a outros territórios baianos e a dois estados, fora da Bahia: Pará e São Paulo. 

A ação se mostra fortemente interligada às políticas culturais brasileiras e particularmente do Estado da Bahia, tanto pela sua relação com a Secretaria de Cultura da Bahia, quanto pela replicação de conteúdos cultivados por outras universidades e instituições colaboradoras da SECULT.

No que tange ao formato do Curso, destacam-se as interlocuções entre saberes acadêmico-científico e populares, possibilitadas pelas aulas de campo, chamadas de Imersão Cultural. Entende-se que este seja um diferencial importante.
A inter-relação do Curso com os setores da própria UESC é notória, desde a sua implementação, em 2015, e isso continuou ao longo dos primeiros dois anos. O mesmo se entende acerca da relação com a AMURC e diversas instituições externas, ligadas à cultura, às artes e à gestão municipal, o que parece ter criado capilaridade político-geográfica para fins de formação profissional.

Os problemas verificados no Curso foram pontuais, a saber: Inicialmente não havia uma sala de aula fixa para os encontros quinzenais, aos sábados e domingos. Depois, contudo, conseguiu-se, em caráter permanente, o uso do Auditório do Pavilhão Max de Menezes (Pavilhão de Pós-Graduação), pois este se encontrava ocioso nos finais de semana.

No que tange aos conteúdos ministrados, duas disciplinas não resultaram no esperado. Um desses casos foi compensatoriamente sanado através de palestra de especialista no assunto (direito Cultural). Entende-se, a propósito, que tais compensações sejam possíveis, particularmente através da disciplina “Seminários”, cujos conteúdos não são pré-estabelecidos. 

Em suma, conclui-se que a Universidade Estadual de Santa Cruz tenha sido feliz na implementação do Curso de Gestão Cultural, lato sensu, que este seja oportuno e atual (no que tange às políticas baianas), que tenha boa qualidade e significativa e crescente abrangência territorial. Em sendo assim gerido e continuado, certamente evoluirá para um mestrado profissional, com possível aprofundamento nas pesquisas, e ou será replicado noutros territórios e regiões.            

                                      Referências

BAYARDO, Rubens. A Gestão Cultural e a Questão da Formação. IN: Revista Observatório Itaú Cultural / OIC - n. 6, (jul./set. 2008). – São Paulo, SP: Itaú Cultural, 2008.
BOAVENTURA, Edivaldo M. Origem e formação do sistema estadual de educação superior da Bahia. pp. 45-78. ISBN 978-85-2320-893-6. Available from SciELO Books. Disponível em: http://books.scielo.org. Acesso em: 25 de agosto de 2017.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.  Brasília, DF: Senado, 1988.

CHAUÍ, Marilena. Cultura política e política cultural. São Paulo: Estudos Avançados 9 (23), 1995, p.71-84.

CUNHA, Maria Helena de Melo. Gestão Cultural. Cartilha da Secretaria de Cultura da Bahia.Disponíveem:https://conferenciadecultura.files.wordpress.com/2013/11/cartilhas_secult_set13_ges tc3a3o_cultural_final.pdf

DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGÊS. Disponível em: https://www.dicio.com.br/gestao/. Acesso em 01 de setembro de 2017.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz T. Silva e  Guacira L. Louro. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2010.

GIL, Gilberto. Discurso de posse. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em 04 de agosto de 2017.

GROPPO, Luís Antônio. Autogestão, universidade e movimento estudantil. Campinas (SP): Autores Associados, 2006. (Coleção Educação Contemporânea). 

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Cidades. [online] Disponível na internet via WWW URL: https://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=291360. Arquivo consultado em 11 de agosto de 2017.

PLANO NACIONAL DE CULTURA (PNC 2010): Diretrizes Gerais. Disponível em: www.cultura.gov.br. Acesso em 20 de julho de 2017. 

 SANTOS, Raimundo Bonfim; MATTOS, Samuel Leandro Oliveira de e BARRETO, Alessandra Almeida. PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE AGENTES E GESTORES CULTURAIS TERRITÓRIO LITORAL SUL DA BAHIA. Disponível em: http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/arquivos/artigo_resumido_pfagclsb.pdf

Rubim, Antônio Albino Canelas. Políticas Culturais na Bahia Contemporânea. EDUFBA, Salvador, 2014, p.254.

SANTOS, R. MATTOS, S. L. e Barreto, A. (2010). PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE AGENTES E GESTORES CULTURAIS TERRITÓRIO LITORAL SUL DA BAHIA.Disponívelem:http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/gestao_cultural/arquivos/artigo_resumido_pfagclsb.pdf. Acesso em 20 de agosto de 2017.
SARAVIA, Enrique. Gestão da cultura e a cultura da gestão: a importância da capacitação de administradores Culturais. IN: Pensar e Agir: desafios da Cultura. Pensar e agir com a cultura: desafios da gestão cultural / José Márcio Barros e José Oliveira Júnior, organizadores. – Belo Horizonte: Observatório da Diversidade Cultural, 2011.156p.

SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DA BAHIA. Disponível em: www.cultura.ba.gov.br
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ. Disponível em: www.uesc.br   

VENTURA, T. Notas sobre política cultural contemporânea. IN: Revista Rio de Janeiro, n. 15, jan-abr 2005. p. 77-89.

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[1]Estudante egressa do Curso de Especialização em Gestão Cultural da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, Turma 2015-2017.
[2]Docente lotado no Departamento de Letras e Artes da UESC.

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