sábado, 14 de maio de 2011

MinC teria virado disputa entre grupos do Rio e de São Paulo

Antonio Grassi


Matéria do jornal O Estado de S. Paulo aponta que o Ministério da Cultura virou uma disputa entre feudos do PT e da classe artística. Sob “fritura”, a ministra Ana de Hollanda representaria uma tropa de petistas cariocas e de artistas liderados pelo ator Antônio Grassi que sempre se opôs à gestão anterior, do ex-ministro Juca Ferreira.

De olho na vaga de Ana Hollanda, setores do PT paulista, representados pelo ator Sérgio Mamberti no ministério e pelo grupo da “Cultura Digital”, estariam minando o nome da irmã de Chico Buarque nos bastidores, vendo na crise instalada uma oportunidade para assumir a direção do volante cultural do governo Dilma.

O grupo carioca, diz a matéria, sabe que não tem um substituto imediato para a ministra em caso de queda. Uma eventual demissão seria uma tragédia política por ser o primeiro ministro a cair e ainda uma mulher, um cenário desgastante que poderia levar Dilma a retirar o cargo das mãos desse grupo petista. Segurar Ana é preservar o controle da pasta. Cercá-la de pessoas de confiança é a melhor estratégia num momento como esse.

A cena da ministra deixando um debate em São Paulo sob escolta policial, após uma audiência tensa com artistas, é um capítulo do que o governo classifica de “orquestração sórdida” contra ela. O grupo paulista não simpatiza politicamente, mas é mais alinhado com as propostas da gestão de Juca Ferreira, que assumiu o cargo como filiado do PV, ao suceder Gilberto Gil.

Partiu de Antônio Grassi – desafeto de Juca – a ideia de sugerir o nome de Ana de Hollanda para ser ministra após Dilma decidir que queria uma mulher para o cargo. Grassi e Ana trabalharam juntos na Funarte no primeiro governo Lula. A indicação dela ganhou força com o prestígio conquistado por Grassi e aliados no encontro entre Dilma, artistas e intelectuais no Teatro Casa Grande, no Rio, na campanha eleitoral. Grassi tornou-se assim um dos patrocinadores de Ana de Hollanda e, logo depois, foi nomeado para presidir a fundação, cargo que ocupou até 2007, quando foi demitido por Juca Ferreira.

Passados quatro meses, Grassi agora é quem comanda a operação para segurá-la. Conta com a secretária nacional de Cultura do PT, Morgana Eneile, recém convidada pela ministra para o cargo de assessora especial. Nem mesmo no PT carioca, no entanto, Ana é unanimidade. O deputado Alessandro Molon, por exemplo, pediu uma audiência pública com a ministra na Câmara para discutir sobre a lei de direito autoral.

Grassi conversou com o Estado nesta quarta-feira (11/5), após a reunião com Gilberto Carvalho. Na opinião dele, a ministra é vítima de uma conspiração e a crise na pasta é apenas “alarme falso”.

Qual sua opinião sobre a crise vivida pela ministra?

Há uma certa articulação, uma certa campanha, que tenta desestabilizar, colocar uma pessoa contra outra, como se uma pessoa estivesse conspirando. Quando se anunciou o nome da ministra em dezembro, já existiam blogs atacando o nome dela. Há movimentos criando informações falsas. Fala-se em desmonte no ministério. Que desmonte é esse, se boa parte da equipe atual estava aqui ou esteve na primeira gestão do ministro Gilberto Gil? Existe um alarme falso nesta questão.

Essa campanha vem do PT de São Paulo?

A gente não tem uma localização específica.

Dizem que o senhor seria o mentor do ministério.

Eu não sou mentor, não estou por trás da nomeação. A presidente Dilma jamais se renderia a esse tipo de coisa. Eu cuido de uma área muito importante, que é a Funarte. Mas não tenho ingerência sobre outros assuntos.

*Com informações do Estadão.com

Nenhum comentário: