domingo, 27 de novembro de 2011

Conferência Estadual debate demandas da cultura


Depois da aprovação da Lei Orgânica da Cultura no dia 22 de novembro, na Assembléia Legislativa, o setor cultural da Bahia se prepara para mais uma ação de extrema relevância: a realização da IV Conferência Estadual de Cultura. Com o tema “Planejar é Preciso”, a Conferência acontece de 30 de novembro a 03 de dezembro de 2011, na cidade de Vitória da Conquista, e já começa com um desafio importante: ajudar a compor o Plano Estadual de Cultura, uma das principais metas estabelecidas pela nova Lei.

“Com a nova Lei garantimos a maior organização e institucionalização da Cultura em nosso estado. A Conferência é o momento para discutirmos políticas públicas de Estado, contando com a colaboração dos 26 Territórios de Identidade”, avalia Albino Rubim. A abertura da conferência será no dia 30 de novembro, ás 19h, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima (Av Rosa Cruz nº 45 – Bairro Candeias).

Além do secretário Albino Rubim, participam da Conferência o superintendente de Desenvolvimento Territorial da Cultura, Adalberto Santos, coordenador do encontro e os dirigentes da várias unidades da Secretaria de Cultura (Secult), como Fundação Cultural (Funceb), Fundação Pedro Calmon (FPC), Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), Centro de Culturas Populares e Identitárias (CCPI) e Diretoria de Museus (Dimus). “Depois de ouvir as diversas comunidades, chegou a hora de promover uma grande conversa entre o poder público e a sociedade civil”, diz Adalberto Santos.

Nos dias 01 e 02 de dezembro acontecem as discussões das propostas recolhidas nos 315 encontros municipais, 26 territoriais e quase 20 setoriais, além das Conferências Livres, realizados na capital baiana e no interior. Além do Centro de Cultura, os debates também vão ocorrer no Instituto de Educação Euclides Dantas.

A programação da IV Conferência Estadual de Cultura contempla, ainda, uma extensa programação cultural que inclui shows em praça pública. No dia 01 de dezembro, a partir das 20h, na Praça Barão do Rio Branco, acontecem apresentações do Balé Jovem de Salvador e do Balé Folclórico da Bahia. No dia 02 de dezembro, às 21h, na mesma praça, tem show do cantor e compositor Zeca Baleiro.

Quem quiser poderá acompanhar toda as discussões através do Blog da Conferênciahttp://culturabahia.com/, um espaço próprio criado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult) com todas as informações do encontro.

Expectativa

Em toda Bahia, a expectativa é grande para o início da conferência. “Todos esperamos colher frutos positivos, principalmente ver as áreas da cultura organizadas”, afirma João Omar, representante do território de Vitória da Conquista. “Minha luta é pela capacitação dos agentes de cultura. Vou defender essa ideia para todo o Estado porque sei que não é um problema só do Extremo Sul”, diz Lucas Nicácio Nascimento, músico da região de Porto Seguro, delegado da sociedade civil.

A Conferência Estadual é o momento em que as várias regiões se manifestam sobre suas demandas. “Sou professora de arte-educação em Ilhéus, e vou levar para Conquista a realidade de quem trabalha com projeto social, praticamente no voluntariado, sem apoio de ninguém. Espero encontrar outras pessoas em Conquista que queiram discutir maneiras de manter a regularidade desse tipo de atividade, que é um complemento importante à sala de aula para muita gente”, diz Jocelia Kaffer, eleita delegada da sociedade civil no Litoral Sul.

E os jovens também já demonstram interesse em participar das discussões e de serem ouvidos.  “Estou delegado suplente, quem sabe não irei para Conquista como titular! Mas quero ir de qualquer jeito. Minha expectativa é que isso traga um conhecimento novo para mim. Eu gosto porque sempre tem pessoas críticas que sabem conversar e também sabem manter a qualidade da discussão”, diz Elismar Costa Barbosa, o mais novo entre os delegados suplentes, com apenas 14 anos, de Gandu (Baixo Sul).

Propostas da etapa territorial

Os participantes da IV Conferência Estadual de Cultura irão analisar, comparar e discutir as propostas resultantes das conferências territoriais de cultura. Ao todo foram 26 encontros da etapa territorial, realizada em setembro e outubro. Nas conferências territoriais, os participantes se dividiram em seis grupos de trabalho. Cada um elaborou uma proposta para ser levada à discussão no âmbito estadual, referente a cada eixo temático: expressões artísticas, patrimônio e memória, pensamento e leitura, transversalidade da cultura, gestão da cultura e redes produtivas e serviços criativos.

Em uma análise do conjunto de ideias, é possível perceber demandas comuns que, pela repetição em territórios distantes e heterogêneos, ganharão voz ampliada em Conquista. Um exemplo forte vem do eixo de expressões artísticas: a necessidade de formação e qualificação dos profissionais da área. No território da Bacia do Jacuípe, essa damanda ganhou até nome, “Efopart – Escola de Formação Profissionalizante de Artistas”.

O mesmo tipo de demanda aparece em outros eixos, como gestão da cultura e redes criativas, que propõem cursos de capacitação e formação de gestores culturais, com objetivo de promover profissionalização, trabalho em rede e acesso a financiamentos.

Embora tenha ganhado títulos e nuances diferentes, outra proposta comum é do eixo de pensamento e leitura: a criação de um festival ou feira literária estadual, que poderia ser itinerante. As ideias da instalação de centros de referência territoriais e da realização de mapeamentos dos bens culturais de cada território também vão ser levadas em peso para Conquista, pelo eixo de patrimônio e memória.

Mas também houve propostas originais e únicas, como a inclusão da cultura como disciplina do currículo escolar regular (do Baixo Sul), a criação do cargo de agente de cultura (do Vale do Jiquiriçá) e a territorialização da TV pública da Bahia (Bacia do Jacuípe), por exemplo.

Caberá aos participantes negociarem entre si para decidir quais dessas propostas entrarão no documento final da IV CEC. O documento subsidiará o Plano Estadual de Cultura, que definirá as políticas de cultura a serem aplicadas nos próximo dez anos. Na discussão, também entrarão as propostas oriundas da etapa setorial.


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