sábado, 24 de novembro de 2012

EDITORIAL


O que seria do governo ou da sociedade civil se, de repente, o novo gestor aprendesse a formular políticas e diretrizes para um Plano como da Cultura?
P.C.
              CULTURA É A CEREJA DO BOLO

Muitos políticos ainda têm a falsa ideia de que a Cultura é apenas mais um segmento da sociedade. É tanto que a pasta referente ao setor é sempre deixada por último. Ou, na hora da partilha entre os partidos, lembram que faltou arranjar algo para fulano ou beltrano e como não há mais nada a ser partilhado, sobra para a Cultura.

Vimos isso em vários municípios da Bahia, sobretudo no Litoral Sul. Quando será que esses caras vão perceber que a Economia da Cultura é tão significativa quanto a Economia do Turismo? De que adianta emplacar um ou outro indivíduo que não entende todo esse processo de organização pela qual está passando a Cultura? Por mais que se estruture uma assessoria qualificada, a decisão final sempre será do gestor. E isto, fatalmente, irá criar embaraços e situações esdrúxulas. Por outro lado, também não adianta um gestor qualificado e uma assessoria fraca. Sozinho ele não pode fazer nada.

Terão os novos gestores de Cultura entendimento sobre a importância de uma Conferência de Cultura? E o que dizer da urgência de criação do Conselho Municipal de Cultura? E o Sistema Municipal de Cultura, com todos os seus instrumentos e instâncias?

A Criação do Sistema Municipal de Cultura, com suas respectivas instâncias e instrumentos, como realmente devem ser e funcionar, ainda “é um processo muito, muito, muito novo”. Já ouvi esta expressão uma série de vezes de vários indivíduos diferentes, inclusive do próprio Secretário de Cultura do Estado. O que seria do governo ou da sociedade civil se, de repente, o novo gestor aprendesse a formular políticas e diretrizes para um Plano como da Cultura? O que aconteceria se o gestor de Cultura entendesse que o conselheiro de cultura deve garantir a cidadania cultural como direito de acesso e fruição dos bens culturais, de produção cultural e de preservação das memórias histórica, social, política, artística, paisagística e ambiental, encorajando a distribuição das atividades de produção, construção e propagação culturais no município?

Além de termos um conselho participativo, deliberativo, fiscalizador. E isso seria um grande avanço para administração pública porque os conselheiros iriam passar a defender o patrimônio cultural e artístico e incentivar sua difusão e proteção.

Certamente, se os novos gestores de Cultura não ficarem somente na tentativa de se criar diretrizes para o financiamento de projetos culturais apoiados pelo Fundo Municipal de Cultura e entender que seus recursos só podem ser utilizados para projetos culturais e não eventos sem a mínima concorrência pública, todos sairão ganhando.

Fica aqui a reflexão. Enquanto agente cultural do FAEG-SUL – Fórum de Agentes, Empreendedores e Gestores Culturais do Litoral Sul, onde estou presidente, irei acompanhar de perto a ocupação destas novas gestões, torcendo para que todos exerçam seu papel. O papel que nos cabe. O papel que nos foi dado de direito e legitimado por aqueles que eles representam: a classe artística. Só assim, haverá uma compreensão de que “a Cultura é a cereja do bolo.”

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